Espanha deverá receber 70 mil milhões do Fundo de Recuperação da UE

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De  Naomi Lloydeuronews
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Espanha é o primeiro país a receber milhares de milhões de euros do fundo de recuperação da União Europeia.

Em resposta à crise, a Europa lançou um plano histórico de estímulo da economia mais de 800 mil milhões de euros. Espanha foi o primeiro país a preencher os requisitos para receber os subsídios. Vamos ver quais são as ambições do país em matéria de estímulo à economia.

Para estimular a economia, a União Europeia criou o Mecanismo de Recuperação e Resiliência com mais de 720 mil milhões de euros de empréstimos e subsídios, para os países investirem, criarem empregos e construírem um futuro mais ecológico e digital.

Para aceder aos fundos, os países apresentaram planos nacionais de recuperação, projetos de reformas e de investimentos públicos em áreas-chave como as novas tecnologias, a energia limpa, os transportes, a renovação energética de edifícios, Internet mais rápida, 5G, educação e formação profissional . Os planos de 22 países já foram aprovados pela Comissão Europeia.

Espanha terá acesso a quase 70 mil milhões de euros

A Espanha terá acesso a quase 70 mil milhões de euros, o maior plano de investimento público da história recente do país. Até agora, o país recebeu 9 mil milhões em pré-financiamento de emergência. A primeira fatia de 10 mil milhões de euros chegou em Dezembro passado. Que impacto terá esse dinheiro? A euronews visitou um centro de formação em Tenerife que beneficia de fundos europeus para melhorar as competências profissionais da população.

“Na universidade, aprendemos muita teoria e pouca prática. O aspeto positivo da formação profissional é a possibilidade de fazer estágios. Se eles gostam do teu trabalho e precisam de mão de obra ficam contigo. Como é que eu vejo o meu futuro após a formação? Espero começar a trabalhar em algo relacionado com a minha formação. Gostaria de trabalhar em diferentes países do mundo. Gostaria de ir para a América, para a Alemanha ou para Inglaterra, quero trabalhar em vários países", disse Adrián Lorente García, estudante da Image & Sound.

Os centros de formação já tinham acesso acesso a financiamento do Fundo Social Europeu, mas, com a aprovação do plano de recuperação, há 2 mil milhões de euros suplementares para financiar a formação profissional de 135 mil pessoas em toda a Espanha.

Recebemos fundos europeus, do Fundo Social Europeu, que permitem pagar 80% dos salários dos professores e cursos de formação para desempregados e trabalhadores. Quanto ao mecanismo da resiliência, já recebemos uma parte do dinheiro para a implementação de salas de aula tecnológicas, empreendedorismo, etc. Esperamos que em 2022 e 2023, vamos continuar a receber fundos", explicou Jorge Rivero Antuna, diretor do Centro Integrado de Formação Profissional César Manrique.

A aposta na formação dos jovens

Tal como em muitos países do sul da Europa, em Espanha há um desemprego sistémico, especialmente entre os jovens. A correspondência entre as competências dos estudantes e as competências procuradas pelos empregadores é uma das medidas chave para aumentar o emprego. Nas Ilhas Canárias, o desemprego juvenil atingiu os 52% no final de 2021. O turismo é o principal motor económico do arquipélago e representa um terço da atividade. Mas o crescimento da indústria tecnológica deverá dar novas oportunidades aos trabalhadores.

“Neste momento, as pessoas não têm a formação adequada para responder às necessidades atuais, nem nas Ilhas Canárias nem no resto de Espanha. As pessoas não têm as competências de que precisamos. Este sector tecnológico vai crescer muito. Haverá muita procura. Precisamos, cada vez mais, de pessoas com vários tipos de competências porque a procura, em particular, desde a pandemia, tem aumentado muito. Foi multiplicada por três ou quatro vezes nos últimos dois anos. E vai continuar a aumentar. Na Europa, há vários milhões de postos de trabalho vagos neste setor", considerou Carlos Rodríguez, fundador da empresa de serviços tecnológicos Omnia Infosys.

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Nadia Calviño, Vice-presidente do Governo Espanhol e Ministra da Economia e da Digitalizaçãoeuronews

A estratégia da Espanha para aumentar emprego e coesão territorial

Para receber os subsídios, a Espanha teve de realizar reformas ao nível da formação profissional e reduzir as desigualdades salariais entre homens e mulheres. A euronews falou com a Ministra das Finanças Nadia Calviño sobre as reformas que estão a ser realizadas e a estratégia económica do país para os próximos anos.

euronews: "Espanha deverá receber quase 70 mil milhões de euros. Algo sem precedentes. O que é que isso significa para a economia espanhola?"

Nadia Calviño, Vice-presidente do Governo Espanhol e Ministra da Economia e da Digitalização: "É muito importante para o presente e para o futuro de Espanha, para as próximas gerações. O nosso plano de recuperação centra-se em quatro eixos: a coesão ecológica, digital, social e territorial.  A igualdade de género é favorecida em todos os programas. O setor digital vai representar cerca de 30 por cento do investimento total".

euronews: "Os fundos estão associados à realização de reformas estruturais. É difícil satisfazer todas essas condições?"

Nadia Calviño: "O processo tem sido oneroso e muito intenso. Fomos um pouco as cobaias, inaugurámos o processo. Temos vindo a aprender com a Comissão Europeia a implementar este plano de recuperação sem precedentes. Houve uma aceleração das reformas ao longo do ano de 2021. Agora, o desafio é finalizar as reformas pendentes no parlamento e continuar a canalizar os fundos, algo que começámos no ano passado".

euronews: "Confia na capacidade administrativa do país para que os fundos possam ser usados?"

Nadia Calviño: É um desafio muito grande para qualquer administração. E a Espanha é um país grande, complexo. A nossa administração tem várias camadas. Criámos uma estrutura de governação e reforçámos os mecanismos que já tínhamos. Vamos lançar nas próximas semanas alguns dos planos estratégicos mais importantes, por exemplo, a transição para o automóvel elétrico e ligado à internet.

euronews: “Qual é a importância da formação profissional, um tema que abordámos na nossa reportagem. Poderá ter impacto ao nível do desemprego?”

Nadia Calviño: “A formação profissional é uma das chaves para melhorar o funcionamento do mercado de trabalho no futuro. A nossa taxa de desemprego desceu para 13,3%. E isto é uma boa base. Com as reformas estruturais, nomeadamente a reforma do mercado de trabalho e um esforço de investimento na educação, na formação profissional, na aprendizagem ao longo da vida, a Espanha poderá enfrentar finalmente alguns dos desequilíbrios que penalizaram o crescimento e a prosperidade durante décadas".

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