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Despesa em I&D de defesa dispara na UE com a guerra na Ucrânia. Qual o país a gastar mais?

Que país europeu investe mais em I&D na defesa?
Que país europeu gasta mais em I&D na defesa? Direitos de autor  Copyright 2022 The Associated Press. All rights reserved.
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De Servet Yanatma
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Despesa em investigação e desenvolvimento de defesa na UE aumentou 90% nos últimos cinco anos. Especialistas ligam o aumento à invasão russa da Ucrânia.

A despesa em investigação e desenvolvimento (I&D) na defesa na União Europeia mais do que duplicou nos últimos cinco anos. Subiu de 9 mil milhões de euros em 2020 para 17 mil milhões em 2025, segundo a Agência Europeia de Defesa (EDA).

Dados do Eurostat mostram valores inferiores devido a metodologias diferentes, mas indicam, ainda assim, um aumento superior a 25% entre 2018 e 2023, o período mais recente disponível.

Os especialistas apontam a invasão russa da Ucrânia como motor deste crescimento.

Que países mais gastam em I&D de defesa na Europa e como é que esta mudou no continente europeu nas últimas duas décadas?

Segundo dados da EDA, partilhados com a Euronews Next, a despesa em I&D de defesa na UE foi de 7,9 mil milhões de euros em 2005, a preços constantes de 2024, o que reflete o valor de 2005 ajustado aos níveis de preços de 2024.

O valor subiu de forma significativa em 2024, atingindo 13,2 mil milhões de euros, e deverá chegar a 17 mil milhões em 2025, segundo estimativas da EDA.

Invasão russa da Ucrânia impulsiona subida

"A invasão em grande escala da Ucrânia pela Rússia tem sido o principal fator por detrás da subida da despesa em defesa e, consequentemente, da I&D, em toda a Europa", afirmou à Euronews Next Calle Håkansson, investigador na Agência Sueca de Investigação em Defesa.

"Embora o investimento em defesa na Europa já estivesse a aumentar na última década, a guerra na Ucrânia marcou um ponto de viragem", explicou o especialista, indicando ainda que a nova meta da NATO de 3,5% do PIB para a despesa em defesa contribuirá para elevar o investimento em investigação e desenvolvimento no setor.

A EDA recusou fornecer valores por país, alegando "razões de classificação".

O Eurostat publica dados por país, mas os seus valores são muito inferiores aos da EDA. São, contudo, referentes a 2023. O Eurostat apontou 4,07 mil milhões de euros em 2023, enquanto a EDA fixou o montante em 11 mil milhões.

Ainda assim, os dados do Eurostat mostram quem mais gasta.

França e Alemanha concentram três quartos da despesa da UE

França lidera a despesa em I&D de defesa na UE. Em 2023, investiu 1,6 mil milhões de euros em investigação e desenvolvimento para a sua indústria de defesa.

A Alemanha surge logo a seguir, com 1,4 mil milhões. Em conjunto, os dois países gastaram pouco mais de 3 mil milhões de euros (€3,014 mil milhões), representando perto de três quartos da despesa em I&D de defesa da UE (74%).

Espanha surge em terceiro, com 378 milhões de euros, equivalente a 9,3% do total da UE. Porém, o presidente dos EUA, Donald Trump, mostrou desagrado com o país por não se comprometer com o aumento do investimento na NATO. "É o único país que não aumentou o valor para 5%...", afimou Trump em outubro de 2025.

"Francamente, talvez devam expulsá-la da NATO", afirmou noutra intervenção.

Trump tem repetidamente instado os membros da NATO a aumentarem a sua própria despesa em defesa. Espanha foi a única dos 32 países membros que não se comprometeu a elevar a despesa militar a 5% do PIB.

Países Baixos e Suécia somam cerca de 9%

Países Baixos e Suécia fecham o top cinco. Os Países Baixos gastaram 200 milhões de euros em I&D de defesa, com a Suécia logo atrás, com 176 milhões. Em conjunto, representaram 9,2% do total da UE em 2023.

Itália, uma das quatro maiores economias da UE, fica fora dos cinco primeiros. Surge em sétimo, com 73 milhões, atrás da Noruega, com 136 milhões de euros.

Seis países da UE reportaram despesa nula em I&D de defesa, enquanto outros seis gastaram menos de 10 milhões.

Prioridades distintas dos governos

Rafael Loss, investigador do Conselho Europeu de Relações Externas (ECFR), salientou que, embora França e Alemanha, em conjunto, tenham representado 43% da despesa de defesa da UE em 2023, respondem por 75% da despesa em I&D de defesa.

"Em larga medida, isso reflete prioridades distintas dos governos na forma como gastam os seus euros de defesa. Segundo estimativas da NATO, por exemplo, Itália e Espanha afetam uma maior parcela da despesa de defesa a pessoal do que qualquer outro aliado", disse à Euronews Next.

Loss sublinhou que, sendo a I&D de defesa beneficiária e impulsionadora do ecossistema de inovação civil, Alemanha e França, com sistemas de ensino superior de grande dimensão e financiamento público dirigido a esta área, estão bem posicionadas para sustentar setores de I&D de defesa relativamente funcionais, diversificados e inovadores.

Håkansson assinalou que grande parte da indústria de defesa mais avançada da Europa está concentrada em seis países: França, Alemanha, Reino Unido, Itália, Espanha e Suécia.

"Consequentemente, as atividades mais intensivas em I&D têm frequentemente origem nestes Estados", referiu.

Segundo a classificação da EDA, em 2024, a despesa total em defesa dos 27 Estados-membros da UE atingiu 343 mil milhões de euros, mais 19% face a 2023, elevando a despesa em defesa a 1,9% do PIB.

Em 2023, a despesa da administração pública dos países da UE em defesa foi de 227 mil milhões, equivalente a 1,3% do PIB, de acordo com o Eurostat.

Segundo o relatório "Defence Data 2024-2025" da EDA, a tendência ascendente "sublinha a prioridade dos Estados-membros em reforçar capacidades militares em resposta a um ambiente de segurança em evolução.

A EDA assinala que o aumento da despesa em defesa, combinado com a ainda limitada proporção de projetos colaborativos entre Estados-membros, cria "uma oportunidade única para aproveitar plenamente as possibilidades de colaboração, recorrer a financiamento da UE e melhorar a eficiência da despesa e a interoperabilidade dos sistemas de armas entre países europeus".

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