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Número de partos em ambulâncias dispara devido a encerramento de urgências

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Direitos de autor Eric Gay/Copyright 2020 The AP. All rights reserved.
De Joana Mourão Carvalho
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Foram realizados mais de 30 partos em ambulâncias até ao final de setembro. Península de Setúbal é a região mais afetada pelo encerramento das urgências de de Ginecologia e Obstetrícia.

O encerramento das urgências de Ginecologia e Obstetrícia tem feito disparar o número de partos em ambulâncias em Portugal.

Segundo dados do Instituto Nacional de Emergência Médica (INEM), até meados de setembro de 2025, tinham sido contabilizados 32 partos nestas condições, aos quais se somam mais dois partos assistidos pelos Bombeiros da Moita nas últimas semanas.

"Já assistimos a 15 partos em ambulância, é um recorde que nós não procuramos nem o queremos sequer. O local para a mãe ter uma criança é na maternidade. Não vamos andar para trás", refere Pedro Ferreira, Comandante dos Bombeiros Voluntários da Moita, em declarações à Euronews.

Em 2022 tinham sido contabilizados 25 partos em ambulâncias, em 2023 foram 18 e, em 2024, 28.

Já considerando todos os contextos pré-hospitalares — ambulâncias, via pública e em casa —, o INEM contabilizou 154 partos entre 1 de janeiro e 14 de setembro deste ano. Nos anos anteriores, registaram-se 169 partos pré-hospitalares em 2022, 173 em 2023 e 189 em 2024, sendo a maioria em casa.

De acordo com o instituto, as causas mais frequentes para os partos pré-hospitalares incluem chamadas tardias para o 112 ou situações em que o parto já era iminente no momento do alerta.

Esta é uma situação cada vez mais recorrente na Margem Sul do Tejo, onde com frequência há urgências fechadas.

Os constrangimentos nos serviços de Ginecologia, Obstetrícia e Bloco de Partos dos hospitais do Barreiro, Setúbal e Almada afetam principalmente a Península de Setubal, o que obriga as corporações de bombeiros a transportar as grávidas para outros hospitais, muitas vezes a vários quilómetros de distância.

Segundo o comandante dos bombeiros da Moita, alguns destes casos foram encaminhados para Lisboa ou até mesmo Cascais.

"No último parto, o 15.º, íamos para o Hospital Garcia de Orta. O Hospital do Barreiro encontrava-se encerrado e íamos para o Garcia de Orta. Teve que ser no meio da autoestrada 33, numa estação de serviço que tivemos que assistir ao parto."

Uma situação que não é ideal, reconhece o comandante: "Não deixa de ser um sítio que não é controlado, e podem aparecer complicações no parto, como é normal. Se aparecem nas maternidades, também podem aparecer numa ambulância, nós estamos preparados para algumas eventualidades. Mas não somos obstetras, não é?".

No Parlamento, a ministra da Saúde admitiu que os três hospitais da Península de Setúbal vivem uma situação "muito difícil", mas disse estar mais preocupada com o aumento dos partos em casa.

Como exemplo do crescimento dos partos em casa, a ministra apontou que, em 2022 foram registados 126 partos no domicílio. Em 2023 houve 140 em casa, passando no ano seguinte para 144. Desde o início de 2025, foram registados 103 partos em casa.

"O parto em casa nunca é seguro. É uma opção, (…) mas é preciso dizer que alguns (…), para estas famílias e para estas crianças e para estas mães não têm tido desfechos fatais, porque, apesar de tudo, o INEM chega a tempo, aciona a Viatura Médica de Emergência e Reanimação (VMER), aciona a Ambulância de Suporte Imediato de Vida (SIV) e faz o parto em ambulância, com o médico e com um enfermeiro", afirmou Ana Paula Martins.

A governante revelou também que têm igualmente aumentado os casos de grávidas que procuram o SNS e não foram acompanhadas durante a gravidez.

Ana Paula Martins também já adiantou que a solução para o problema nas urgências passa pela construção do novo Centro Materno Infantil para a Península de Setúbal. O concurso deverá avançar em 2026, mas a obra só deverá estar concluída daqui a dois ou três anos.

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