Newsletter Boletim informativo Events Eventos Podcasts Vídeos Africanews
Loader
Encontra-nos
Publicidade

Antibiótico comum pode reduzir riscos de esquizofrenia, indica estudo

Uma adolescente toma um comprimido.
Rapariga adolescente toma um comprimido Direitos de autor  Canva
Direitos de autor Canva
De Gabriela Galvin
Publicado a Últimas notícias
Partilhar Comentários
Partilhar Close Button

Investigadores afirmam que as suas conclusões são, de momento, preliminares, mas entusiasmantes.

Um antibiótico comum pode ajudar a reduzir o risco de alguns jovens desenvolverem esquizofrenia, sugere um novo estudo

Adolescentes em tratamento de saúde mental a quem foi prescrita a doxiciclina tinham uma probabilidade 30% a 35% inferior de desenvolver esquizofrenia na idade adulta, face a adolescentes tratados com outros antibióticos, de acordo com o estudo, publicado no American Journal of Psychiatry.

A equipa de investigação descreveu os resultados como "preliminares, mas animadores".

A esquizofrenia afeta aproximadamente 23 milhões de pessoas em todo o mundo. Provoca psicose marcada por crenças delirantes, alucinações, pensamento desorganizado e outros problemas cognitivos, que podem ser incapacitantes.

A perturbação mental surge geralmente no início da idade adulta e, embora possa ser controlada com medicação, não tem cura.

O estudo incluiu mais de 56 mil adolescentes na Finlândia, incluindo mais de 16 mil a quem foi prescrita doxiciclina, habitualmente usada para tratar infeções e acne.

Não foi um ensaio aleatório, o que significa que não é possível provar que a doxiciclina realmente previne a esquizofrenia.

Mas os investigadores acreditam que o medicamento pode ajudar a reduzir a inflamação no cérebro e influenciar a poda sináptica, que é quando o cérebro remove neurónios e sinapses desnecessários. A poda sináptica anormal tem sido associada à esquizofrenia.

As conclusões são "um sinal importante para investigar mais aprofundadamente o efeito protetor da doxiciclina e de outros tratamentos anti-inflamatórios em doentes adolescentes em psiquiatria", afirmou em comunicado Ian Kelleher, autor principal do estudo e professor de psiquiatria da infância e adolescência na Universidade de Edimburgo.

Acrescentou que esta abordagem poderia "reduzir potencialmente o risco de desenvolver doença mental grave na idade adulta".

No entanto, especialistas independentes alertaram para a necessidade de cautela na interpretação do estudo, dizendo que será necessária investigação adicional para confirmar qualquer ligação entre a doxiciclina e a esquizofrenia.

Dominic Oliver, investigador em psiquiatria na Universidade de Oxford, notou que "muitos outros tratamentos mostraram sinais promissores numa fase inicial e acabaram por não se revelar eficazes em ensaios de grande escala".

Já Katharina Schmack, médica e investigadora de psicose no Francis Crick Institute, no Reino Unido, disse que, embora as conclusões do estudo sejam estatisticamente significativas, "os números absolutos são modestos" no que respeita à redução do risco de esquizofrenia.

Quinze anos após o tratamento com doxiciclina, "em vez de cerca de cinco em cada 100 pessoas, seriam agora aproximadamente duas a três em cada 100 a desenvolver esquizofrenia", disse.

Nem Oliver nem Schmack participaram no estudo.

Schmack disse que as conclusões devem servir de base a mais investigação sobre o desenvolvimento cerebral, a inflamação e outros processos biológicos que podem influenciar o risco de esquizofrenia.

"Descobrir associações clínicas em estudos como este é importante porque pode orientar investigações biológicas futuras", afirmou.

Ir para os atalhos de acessibilidade
Partilhar Comentários

Notícias relacionadas

Mortes durante a gravidez e o parto diminuíram drasticamente a nível mundial: o que explica a queda?

Primeiro ensaio clínico que testa transplante de rins de porco para humanos avança nos EUA

IA deteta primeiro marcador biológico de stress crónico em exames de imagem