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Angola, Moçambique e Egito defendem maior cooperação para promover turismo em África

O ex-ministro da Cultura e Turismo do Azerbaijão (2006–2018), Abulfas Garayev, moderou o debate
O ex-ministro da Cultura e Turismo do Azerbaijão (2006–2018), Abulfas Garayev, moderou o debate Direitos de autor  DR
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De Joana Mourão Carvalho
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Num painel, no Fórum Global de Turismo, governantes de Angola, Moçambique e Egito exploraram o impacto económico do turismo, o seu papel na criação de emprego e a importância do investimento em infraestrutura turística em África.

Governantes do turismo de Angola, Moçambique e Egito defenderam que é necessário reforçar a cooperação e o investimento estratégico ao nível do turismo em África, num painel no Fórum Global de Turismo.

A sessão, intitulada "Africa Ascending: Tourism for Infrastructure, Youth Employment, and Investment Attraction", reuniu líderes africanos do turismo, incluindo Márcio de Jesus Lopes, ministro do Turismo de Angola, Sherif Fathy, ministro do Turismo e das Antiguidades do Egipto, e o secretário de Estado do Turismo de Moçambique, Fredson Bacar. O painel foi moderado por Abulfas Garayev, ex-ministro da Cultura e do Turismo do Azerbaijão (2006-2018).

Durante a conversa, os três participantes exploraram o impacto económico do turismo, o seu papel na criação de emprego e a importância do desenvolvimento da infraestrutura turística em África para atrair investimento sustentável.

Entre os pontos em que convergiram está a necessidade de uma regulamentação mais aprofundada que permita chegar a um acordo de "open skies" (ceús abertos, em português) no continente africano, bem como a facilitação da livre circulação de pessoas, sem que seja exigida uma autorização de entrada ou vistos entre os países africanos, à semelhança do que acontece hoje na Europa no Espaço Schengen.

Nas observações iniciais, o moderador Abulfas Garayev detalhou que África recebeu 74 milhões de turistas em 2024, representando um aumento de 7% em comparação com os níveis pré-pandemia e um aumento de 12% face a 2023.

As projeções indicam que o número de turistas chegará a 82 milhões em 2025, refletindo a recuperação pós-pandemia mais forte do mundo.

Angola diz que investimento na conetividade é fundamental

O ministro do Turismo de Angola, Márcio de Jesus Lopes, exortou as nações africanas a reforçarem a cooperação e o investimento estratégico para transformar o turismo em todo o continente. O governante insistiu que a colaboração, e não a concorrência, deve guiar a abordagem da África para o desenvolvimento do turismo.

Jesus Lopes destacou a necessidade de investir em infraestrutura e conetividade como pilares fundamentais para o avanço do setor e para a mobilidade, nomeadamente no que se refere à criação de aeroportos, portos marítimos, estradas e à eletrificação.

"África deve ir além da lógica da competição e abraçar a cooperação entre as nações, com base em histórias de sucesso regionais", defendeu.

"Devemos aprender uns com os outros e formar um bloco forte que posicione África como um destino global líder", afirmou.

Destacou ainda que a verdadeira medida do sucesso na atração de investimento estrangeiro está em garantir que os lucros sejam reinvestidos localmente para gerar emprego e sustentar o crescimento.

O ministro angolano mencionou também a estratégia nacional de desenvolvimento do turismo do país, que é apoiada por grandes projetos estruturais, incluindo o recém-operacional Aeroporto Internacional Dr. António Agostinho Neto, o Centro de Convenções em construção em Luanda, e o Corredor do Lobito, que liga o porto do Lobito, em Angola, às regiões mineiras da República Democrática do Congo e da Zâmbia.

Essas iniciativas, observou, "fortalecerão a integração regional, impulsionarão o turismo e atrairão investimento estrangeiro direto".

Moçambique e o turismo sustentável

Na discussão com os restantes oradores, o secretário de Estado do Turismo de Moçambique, Fredson Bacar, reforçou a importância da implantação da sustentabilidade ambiental no setor do turismo, como forma de garantir o seu rápido desenvolvimento.

Recordando que o país foi reconhecido também esta semana como Melhor Destino Turístico Sustentável do mundo na gala dos World Tourism Awards 2025, em Bruxelas, o governante apontou que o uso dos recursos naturais de forma sustentável, mais do que garantir turismo, cria postos de emprego e investimentos no país, ajudando as comunidades locais.

Sobre a criação de postos de trabalho, sublinhou a importância de estabelecer "parcerias com as empresas do setor privado para empregar os jovens locais", que representam a maior fatia da população moçambicana.

Além disso, abordou que há desafios inerentes a Moçambique devido à dimensão do território. "É impossível criar infraestruturas e desenvolver o país todo ao mesmo tempo, temos 2.700 quilómetros de costa e 25% do território são zonas de conservação da natureza", explicou.

Segundo o ministro, isto cria também entraves ao investimento para a criação de áreas turísticas, uma vez que há regulamentos relativos aos requisitos para os investidores no que toca à sustentabilidade ambiental que têm que ser respeitados.

Egito como caso de sucesso

Sherif Fathy, ministro do Turismo e das Antiguidades do Egipto, também destacou os principais desafios enfrentados pelo desenvolvimento do turismo em toda a África, particularmente em áreas como conetividade aérea, o desenvolvimento de capital humano e o investimento em infraestrutura.

O ministro considerou o Egito um caso de sucesso na expansão do setor de turismo, apontando os grandes investimentos do governo em infraestrutura, incluindo estradas, ferrovias, aeroportos e redes de transporte que ligam destinos turísticos importantes.

Neste aspeto, destacou a região da costa norte como um exemplo, que registou um "aumento de 500% no tráfego aéreo neste verão", apoiado por três aeroportos atualmente em expansão para atender à crescente procura.

O governante enfatizou ainda a importância de combinar formação académica com os estágios práticos em turismo e hospitalidade, sublinhando a importância das iniciativas para preparar jovens profissionais qualificados através de parcerias com instituições internacionais.

Como exemplo, apontou a recente inauguração de uma escola hoteleira em Hurghada, desenvolvida em cooperação com um parceiro europeu, para formar jovens para o emprego na indústria do turismo.

Sherif Fathy sublinhou que a atual estratégia de turismo do Egito passa pela aposta em diferentes produtos e vertentes, desde o turismo cultural e patrimonial até ao turismo de praia, deserto e eco-turismo.

O objetivo, afirmou, é que o Egito se torne "o principal destino turístico do mundo nos próximos anos dada a sua variedade inigualável de experiências".

Além disso, enfatizou a necessidade de ferramentas inovadoras de marketing, apontando que a "inteligência artificial agora desempenha um papel vital na compreensão dos interesses dos viajantes e na adaptação de produtos turísticos para segmentos específicos do público".

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