Sede do mundo por água potável exige novas formas de gestão

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De  Euronews
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A água é vital para a vida, o que se torna muito óbvio quando há falta dela: o Corno de África enfrenta uma das piores secas das últimas décadas, com milhões de pessoas a necessitarem com urgência de água. Mas a fome que está a disparar na região só se deve em parte às alterações climáticas.

“Há muitos factores em causa, um deles é obviamente a seca, outro é a má gestão política, um vazio em termos de liderança política na Somália: não há poder central”, explica

Ana Cascão, do Instituto Internacional da Água de Estocolmo (SIWI).

Cidades de todo o mundo enfrentam problemas relacionados com a água. Em especial, nos países onde cada vez mais pessoas vivem em bairros de lata, com os centros urbanos a crescerem de forma desmesurada.

A Semana Mundial da Água, em Estocolmo, centrou-se no problema da água face à crescente urbanização, tendo o director do SIWI, Anders Bertell, realçado as questões da saúde.

“Sabemos bem que esta situação nas zonas urbanas despoleta muitas vezes epidemias de doenças como a diarreia, malária e cólera, que têm consequências devastadoras nas condições de vida das famílias, mas também impactos importantes na economia destes países”, explicou.

Tendo em conta que a questão do poder político é crucial na distribuição deste escasso recurso, a Semana Mundial da Água reuniu autarcas vindos dos quatro continentes.

Hyderabad está entre as cidades indianas cujo crescimento económico atraiu milhares de pessoas das zonas rurais circundantes. Muitos deles acabam a viver em bairros de lata.

“Todos os antigos bairros de lata já estão cobertos pelos serviços municipais. Mas o rápido crescimento fez surgir novos bairros, que no futuro serão integrados”, afirma Rajeshwar Tiwari, membro da Autoridade de Desenvolvimento de Hyderabad.

Em São Paulo, no Brasil, não são muito diferentes as razões que explicam o êxodo rural. Mas as favelas têm vindo a expandir-se para zonas de risco de cheias. O poder executivo da cidade tenta transferir os novos habitantes dos locais onde há o risco de excesso de água, assegura Eduardo Jorge, secretário para o Ambiente.

“A prefeitura está colocando opções habitacionais para a saída da população desses locais de maneira que eles tenham uma habitação segura e, ao mesmo tempo, a oferta de água possa crescer dentro da cidade”, disse.

Kigala, no Ruanda, é um das cidades africanas em acelerado crescimento, recebendo muitos habitantes fiéis aos hábitos rurais e que tentam integrar a agricultura na malha urbana. Mas para o município, o fornecimento de agua às zonas mais pobres só é possivel se não ficarem muito longe de onde parte a canalização.

“Para termos um equilibrado custo-benefício, tempos de apostar na concentração urbana. No início, as pessoas queriam grandes propriedades para poderem viver com espaço. Isso é possível quando o abastecimento de água é feito através de fontes naturais. Mas se quiseremos fornecer-lhes água potável temos de ter em conta as implicações económicas”, referiu Aisa Kirabo Kacyira, governadora da Província de Leste e ex-autarca de Kgali.

Mas os países ricos também enfrentam secas, mesmo que as consequências para as populações sejam diferentes, como é o caso da Califórnia, nos EUA. Mesmo em períodos de seca, Jennifer Hosterman, autarca de Pleasanton, perto de São Francisco, tem de convencer as pessoas a consumirem menos.

“As pessoas da minha cidade consomem quase mil litros de água per capita, por dia. Porque é que isso acontece? Em grande parte por razões comerciais. Mas também porque existem donos de grandes propriedades que insistem em manter os seus relvados verdes, regando-os a toda a hora”, explicou.

Na Índia, por exemplo, há mais de três mil anos que existem técnicas para fazer chegar a água as zonas urbanas. Mas na actualidade, tal como em muitos outros pontos do globo, a questão passa também pela vontade política.

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