A morte de Hugo Chávez é o acontecimento do dia. A Euronews falou com Diana Villiers Negroponte, analista política e membro sénior da Brookings Institution, em Washington DC sobre as repercussões desta morte.
Diana Negroponte:
“Hugo Chávez não era um amigo dos Estados Unidos, ele gostava de brincar connosco, gostava de nos tratar como um poder imperial, mas quando o nosso concorrente vai a baixo, reconhece-se que ele era um homem extraordinário. Para nós, isso significa que a campanha eleitoral, que a Constituição, exige agora, tem de ser justa. A oposição e os outros candidatos que concorrem à presidência devem ser capazes de competir nesta campanha numa base justa. O que significa que cada partido tem o seu tempo de antena nos “media”, que o partido do governo não monopoliza este tempo, deixando migalhas para a oposição. Uma campanha justa é o que os Estados Unidos vão pedir.”
A situação económica da Venezuela é complexa. O país vive do petróleo, foi obrigado a desvalorizar a moeda e a capacidade de investimento é reduzida.
Diana Negroponte:
“O país depara-se, hoje, com uma grave crise económica. Muitos produtos simplesmente desapareceram das prateleiras dos supermercados. Há pouco arroz, leite e café. Há falta de medicamentos. Situação idêntica para peças de maquinaria, eletrodomésticos e mobília. Os venezuelanos sabem que o problema é sério e que cabe ao sucessor de Chávez resolver. E isso vai ser muito difícil porque, nos últimos anos, Chávez tem usado apenas os benefícios da empresa de petróleo, a companhia nacional de petróleo PDVSA, como um saco de dinheiro, conveniente, para pagar favores aos seus apoiantes. Esse tempo acabou e agora o povo venezuelano tem que pagar e enfrentar a situação. “
Quanto ao futuro, da Venezuela e dos venezuelanos, Diana Negroponte desconhece-o, mas pede realismo.
Diana Negroponte:
“Um líder populista precisa de um tema unificador à volta do qual possa reunir os seus seguidores. O anti-imperialismo, o antiamericanismo era conveniente para eles. Se o sucessor continuará esse caminho não se sabe, principalmente porque o petróleo venezuelano é vendido para as refinarias dos Estados Unidos. O que a Venezuela precisa, acredite ou não, são alimentos que compra aos Estados Unidos. Por isso, estabelecer relações fortes com as empresas e os investidores é essencial para a Venezuela sair da crise económica. Podemos aceitar uma determinada quantidade de retórica, mas ao mesmo tempo tem que se ser realista. E eu diria que no pós-Chávez uma dose de realismo faria bem à Venezuela.”