Merkel e Steinbrück empatam no debate televisivo

Merkel e Steinbrück empatam no debate televisivo
De  Euronews
Partilhe esta notíciaComentários
Partilhe esta notíciaClose Button
PUBLICIDADE

O único debate televisivo para as eleições alemãs acabou com um empate.

A chanceler Angela Merkel, que espera obter um terceiro mandato a 22 de setembro, mostrou-se soberana face ao rival.

O candidato social-democrata Peer Steinbrück, ministro das Finanças durante a grande coligação, de 2005 a 2006, não derrapou e conseguiu criticar a chanceler sem ser agressivo.

Merkel, que ostentou um colar com as cores da bandeira alemã, insistiu no balanço económico do mandato – o melhor argumento de campanha: “Podemos dizer à população que vai haver mais progresso. O trabalho ainda não acabou, há ainda muitas preocupações, mas demonstrámos que somos capazes e que em tempos difíceis, em que a Europa passou pela pior crise económica, a Alemanha é forte e é um motor de crescimento, é uma âncora para a estabilidade. Quero continuar neste caminho e penso que aquilo que mostrámos convence o povo”

Steinbrück pediu mais justiça social, com um salário mínimo de 8,5 euros por hora. Sete milhões de alemães ganham menos que esta soma: “O que Angela Merkel quer, em termos de limites mínimos para os salários, é muito diferente de uma lei para um salário mínimo nacional. É uma manta de retalhos, que difere de um setor para outro e de uma região para outra. Por todo o lado, encontramos pessoas que recebem segundo as tabelas legais, mas isso é menos de 8,5 euros por hora. E não vão ganhar mais do que isso. São eles quem perde com os planos da CDU/CSU.”

Em termos de popularidade, Merkel tem neste momento uma vantagem de 16 pontos percentuais. A chanceler é a personalidade política preferida dos alemães.

Quinze milhões de telespetadores viram o debate, mas a três semanas das eleições, a diferença parece grande de mais para Peer Steinbrück.

Vamos analisar o debate televisivo de domingo e a campanha eleitoral com o jornalista René Pfister, que trabalha em Berlim para a revista Der Spiegel.

Kirsten Ripper, euronews: Depois do debate, ambos os candidatos se declaram vencedores. Para si, quem beneficiou mais deste duelo?

René Pfister: Ninguém ganhou, por isso ganhou Angela Merkel. Este duelo televisivo era a oportunidade de Peer Steinbrück recuperar a desvantagem nas songagens. Penso que ele bateu-se bem, mas não conseguiu, como se diz na gíria do boxe, um “lucky punch”, ou seja, atingi-la de forma a mudar as relações de força, ou dar a impressão de que a campanha foi relançada.

Por isso digo que, mesmo se no fim houve uma igualdade, essa igualdade serve melhor Merkel do que Steinbrück, já que ela está em vantagem.

euronews: Quem foi mais convincente?

René Pfister: Penso que Steinbrück conseguiu marcar pontos. A estratégia de Merkel é dizer que o país está bem e Steinbrück marcou pontos ao dizer que na Alemanha nem tudo é formidável, há uma fratura social. Aí, ele conseguiu colocar-se à mesma altura que a chanceler.

euronews: Steinbrück poderia ter sido mais agressivo?

René Pfister: “Penso que isso é algo de que os alemães não gostam. Não gostam de ouvir um candidato a chanceler aos gritos, ainda por coima com uma mulher. Os alemães preferem a harmonia”.

euronews: Qual é, para si, o tema decisivo desta campanha eleitoral?

René Pfister: O problema é que não há tema decisivo. A grande arte de Angela Merkel é saber evitar os temas, sobretudo os temas mais sensíveis e capazes de gerar debate, como é o caso dos salários mínimos, saber se as pessoas que fazem trabalhos básicos estão ou não a ser devidamente pagas.

Uma das razões para isso é que, hoje em dia, na Alemanha, as pessoas vivem relativamente bem.

PUBLICIDADE

Com certeza que há problemas, mas estamos muito melhor que outros países da Europa, por isso não há ambiente favorável a uma mudança.

euronews: Pensa que estas eleições vão ter como resultado uma grande coligação?

René Pfister: É difícil dizer. Se a CDU (democratas-cristãos) e os liberais do FPD tiverem votos suficientes, vão coligar-se.

Penso que o SPD (sociais-democratas) vai refletir antes de entrar numa grande coligação. Nas últimas eleições, o partido teve algo como 23%.

Se os votos descem ainda mais, os dois partidos deixam de poder negociar de igual para igual, a CDU torna-se o membro dominante da coligação e o SPD vai ter sérias dúvidas em entrar, porque tem já um trauma da anterior grande coligação.

PUBLICIDADE

O SPD não beneficiou com o sucesso do governo da grande coligação. O único partido a tirar benefícios foi a CDU, o partido da chanceler. Esse é um trauma que persegue o SPD até hoje.

Partilhe esta notíciaComentários

Notícias relacionadas

Robert Habeck, vice-chanceler da Alemanha: A Europa deve afirmar-se e ser capaz de defender-se

Chanceler alemão Olaf Scholz tornou-se um grande problema para a Ucrânia

Governo alemão aperta o cerco à extrema-direita