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Tusk traz visão do leste para centro da política europeia

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De  Euronews
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Donald Tusk sucedeu a Herman van Rompuy como presidente Conselho Europeu, esta segunda-feira, em Bruxelas.

O polaco de 57 anos foi nomeado por unanimidade pelos líderes da União Europeia (UE), no passado dia 30 de Agosto, para um mandato de dois anos e meio.

Circularam piadas pelo fato de Tusk não ser muito versado em Inglês, a língua mais comum de trabalho, mas foi com humor que se dirigiu aos funcionários.

“Se estão um pouco nervosos com a mudança de chefe , não se preocupem. Eu também estou um pouco nervoso. Talvez até mais do que vocês. Mas vai passar. Na verdade, é uma grande honra começar a trabalhar aqui e, obviamente, um grande desafio”, disse.

O político conhece bem o Conselho Europeu, uma vez que dele fez parte, enquanto primeiro-ministro da Polónia, durante sete anos.

Tusk tem uma boa relação com alguns dos principais líderes europeus, tais como a chanceler alemã, Angela Merkel – que está à frente da maior economia europeia -; mas também com David Cameron, primeiro-ministro do Reino Unido, que ameaça levar o país para fora da União.

A nomeação de Tusk também é visto como um sucesso para os 12 países da Europa central e de leste que pertenceram à esfera comunista e que aderiram à União desde 2004.

O fato de Tusk ser originário do maior Estado-membro dessa região também é visto como útil para lidar com a crise russo-ucraniana.

Para discutir mais detalhadamente o que se espera de Donald Tusk, a correspondente da euronews em Bruxelas, Isabel Marques da Silva, entrevistou Piotr Maciej Kaczynski, professor do Instituto Europeu de Administração Pública.

Isabel Marques da Silva/euronews (IMS/euronews): “O antecessor de DonaldTusk, Herman van Rompuy, era conhecido como o “Sr. Invisível”. Um pouco por causa de alegada falta de carisma, mas também por causa da discrição e paciência durante as negociações com os líderes europeus, nos bastidores. Quais são as qualidades do novo presidente para este cargo? “.

Piotr Maciej Kaczynski / Instituto Europeu de Administração Pública (PMK / EIPA): “Penso que Herman van Rompuy também é um mestre da arte do compromisso e esta é a principal razão pela qual Donald Tusk foi escolhido para o substituir. Enquanto primeiro-ministro da Polónia, Tusk provou ser um líder muito carismático, mas vamos ver como ele se vai sair nesta nova função”.

IMS / euronews: “Sabemos que não fala francês e que está a tentar melhorar a qualidade do Inglês. Qual é a importância das competências linguísticas em termos de capacidade para comunicar com os outros líderes?”.

PMK / EIPA: “Há uma piada que circula desde há dois meses de que ele vai tentar polir o Inglês até 1 de dezembro e temos de esperar para ver quão bem sucedido foi nesse processo. Mas penso que ele já fala suficientemente bem em Inglês para ser capaz obter compromissos”.

IMS / euronews: “Sabemos que ele fala bem alemão, o que é um bom sinal considerando que terá de ter um bom relacionamento com a chanceler alemã, Angela Merkel, não é?”.

PMK / EIPA: “Isso é absolutamente crucial por que essa relação é a mais importante. No que às línguas diz respeito, ele até nos poderá surpreender. Herman van Rompuy costumava mudar de Holandês para Francês e depois para Inglês durante as conferências de imprensa; talvez Donald Tusk faça o mesmo com Polaco, Inglês e Alemão”.

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IMS / euronews: “Vamos falar agora dos grandes desafios que tem pela frente em termos de programa político. A reforma da própria União Europeia é um deles e tem sido muito exigida pelo Reino Unido para não abandonar a União. Qual poderá ser a estratégia de Tusk para lidar com o primeiro-ministro David Cameron? “.

PMK / EIPA: “Um acordo, uma parceria entre o primeiro-ministro britânico – que poderá ser David Cameron, caso volte a ganhar as eleições no próximo ano -, o presidente do Conselho Europeu e outros membros será absolutamente decisivo. Porquê? Porque pode abrir-se a caixa que contém todos os males do mundo e o Reino Unido sairá da União, mas também poderá conseguir-se evitar essa situação”.

IMS / euronews: “Em matéria de política externa, há também o grande desafio da Rússia. Por um lado, temos a crise na Ucrânia, mas também existe uma dependência energética do gás russo. Sendo um político polaco, Tusk vai ser o “falcão” que equilibra a ação da “pomba”, como alguns chamam à Alto Representante para a Política Externa, Federica Mogherini?”.

PMK / EIPA: “Donald Tusk foi quem lançou a ideia da União da Energia, na passada primavera. As questões da União da Energia, independência energética e negociações sobre alterações climáticas podem, em conjunto, formar um pacote importante, que ele provavelmente gostaria de deixar como legado. No que se refere à crise da Rússia com a Ucrânia, é um problema que temos em mãos. Tusk tem uma posição sobre a Rússia diferente de alguns membros do Conselho Europeu. Claramente ele sabe mais, conhece muito melhor a Rússia do que outros membros do Conselho e isso pode ajudá-lo a criar uma estratégia política mais realista “.

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