O longo pesadelo em França

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Paris, quarta-feira 7 de janeiro, final da manhã, numa pequena rua: dois homens encapuzados, fortemente armados, saíam do prédio do jornal satírico

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Paris, quarta-feira 7 de janeiro, final da manhã, numa pequena rua: dois homens encapuzados, fortemente armados, saíam do prédio do jornal satírico Charlie Hebdo. Um polícia caiu, ferido, e eles mudaram de direção para acabar com a sua vida e regressaram à viatura, de portas abertas.

O sangue frio demonstrado foi aquele com que deixaram para trás os corpos de outras 11 pessoas, num mar de sangue: oito colaboradores do Charlie Hebdo, entre os quais uma mulher, colunista e psiquiatra, cinco caricaturistas, um jornalista convidado, o guarda costas da polícia e um funcionário da manutenção.

Os dois indivíduos fogem e a viatura em que seguiam foi encontrada, abandonada ao início da tarde, noutro bairro de Paris. No interior, não só tinham deixado um bilhete de identidade como ADN, recolhido pela polícia científica posteriormente. .

Eram dois irmãos: Chérif Kouachi, 32 anos, e Saïd Kouachi, 34 anos, nascidos na capital francesa, filhos de argelinos. O mais novo já era conhecido pela polícia e pela justiça pela ligação a redes jihadistas.

O plano Vigipirate foi elevado para o nível de atentado terrorista em toda a região de Paris conhecida como Ile de France, e muito rapidamente de norte a leste do país. A caça ao homem mobilizou 80 mil efetivos, de ar e terra, dos diferentes corpos de segurança militar e de polícia de elite.

No dia seguinte, às 7h15 da manhã, nos arredores de Paris, em Montrouge, uma agente policial foi morta e um funcionário da câmara foi gravemente ferido na sequência de um acidente ao qual acorreram. O atirador, encapuzado e com colete anti-balas, pôs-se em fuga.
Deixou de haver dúvidas que o alerta era contra o terrorismo.

Às 11h35, os dois irmãos foram reconhecidos na Picardia, pelo gerente de uma estação de serviço, a quem agrediram. Tinham o rosto descoberto mas as kalashnikov em riste e uma RPG ( lança-granadas).

A unidade de elite da polícia nacional, Raid, e a unidade equivalente à portuguesa GNR, o GIGN deslocam-se pela primeira vez juntas, à Picardia, a cerca de 80 km de Paris. Uma vasta zona rural foi passada a pente fino pelos helicópteros.

Na manhã seguinte, os fugitivos entricheiraram-se numa gráfica, onde alegadamente havia um refém, na vila Dammartin-en-Goële, a 20 km do aeroporto Charles De Gaulle. Os irmãos nunca descobriram a sua presença: escondido num armário, telefonou à polícia e manteve-se quieto. Às 16h57 os irmãos saíram do local, disparando contra os agentes para provocarem a própria morte. Conseguiram.

Durante todo o dia, o terceiro atirador de Montrouge, Amédy Coulibaly, em sincronia com os irmãos, ocupou um minimercado no coração de um bairro judeu de Paris, onde fez reféns. Era um conhecido delinquente, que esteve preso com Cherif Kouachi e outros jihadistas.
Antes que ele pudesse exercer qualquer represália, a polícia deu ordem de assalto e ele foi abatido.

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