Hamas saúda relatório da ONU e Israel critica a parcialidade

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De  Francisco Marques  com LUSA, REUTERS
Hamas saúda relatório da ONU e Israel critica a parcialidade

Israel e o Hamas, o movimento de resistência islâmica da Palestina, reagiram de forma distinta ao relatório da Comissão de Inquérito das Nações Unidas sobre o conflito do verão do ano passado na Faixa de Gaza.

É uma comissão que condena mais Israel do que a o Irão, a Síria e a Coreia do Norte todos juntos


O organismo palestiniano saudou parte do documento que levanta indícios de crimes de guerra a ambos os lados, sendo que a maior parte teriam sido cometidos por Israel, cujas ações terão contribuído para a morte de mais de 1400 civis palestinianos, incluindo meio milhar de crianças.

Fawzy Barhum afirmou à AFP que a ONU condenou “o ocupante sionista pelos seus crimes de guerra durante a última agressão contra Gaza”. Em Ramallah, na Cisjordânia ocupada, um responsável oficial da Organização de Libertação da Palestina (OLP) considerou que o relatório reforça a vontade do Hamas de se dirigir ao Tribunal Penal Internacional [TPI].

Um responsável daquele movimento de resistência palestiniano ressalva ainda assim o que descreve ser “um erro fatal e um grande problema” da comissão que redigiu o documento. “Apesar de haver alguns pontos positivos neste relatório, parece-me que um erro fatal e um grande problema neste documento é que, regra geral, se tenta comparar as vítimas e os assassinos”, afirmou Ghazi Hamad

Do lado israelita, o relatório independente divulgado esta segunda-feira pelas Nações unidas, em Genebra, peca por ser parcial. O primeiro-ministro Benjamin Netanyahu não poupa os relatores do documento.

“A Comissão que redigiu este relatório tendencioso foi nomeada pelo Conselho de Direitos Humanos das Nações Unidas. Autodenominam-se Conselho de Direitos humanos, mas de facto estão a fazer tudo menos preocupar-se com os direitos humanos. É uma comissão que condena mais Israel do que a o Irão, a Síria e a Coreia do Norte todos juntos”, acusou o chefe de Governo.

O porta-voz do Ministério dos Negócios Estrangeiros israelita, Emmanuel Nahshon, defendeu que “todo o mundo sabe que as motivações políticas e os falhanços morais determinaram desde o início a integridade do processo que conduziu à elaboração deste relatório”. “É lamentável que o relatório não reconheça a profunda diferença entre o comportamento moral de Israel durante a operação ‘Margem Protetora’ e as organizações terroristas enfrentadas”, acrescentou Nahshon.


A operação “Margem Protetora” foi lançada pelas Forças de Defesa de Israel (IDF) a 8 de julho do ano passado e prolongou-se até 26 de agosto. Mais de 2200 pessoas morreram, incluindo meio milhar de crianças e 73 israelitas, 6 destes civis.