Referendo na Grécia: Mais integração ou o princípio do fim da UE?

“Assumo pessoalmente a responsabilidade de encontrar uma solução imediatamente a seguir ao referendo. Simultaneamente, peço que reforcem a nossa capacidade negocial dizendo ‘Não’ aos memorandos que estão a destruir a Europa”, disse, esta semana, o primeiro-ministro da Grécia, Alexis Tsipras.
O que irá acontecer se o "não" vencer o referendo é a pergunta que vale tanto como a colossal dívida acumulada pelo Estado helénico.
"@JeanLucidi: Come on @yanisvaroufakis & @tsipras_eu You guys can make history! #grexitpic.twitter.com/ERMQA07ahs"
— Fabrizio Gherardi (@GFabrygherardi) 21 junho 2015
A Europa está de olhos postos no referendo deste domingo na Grécia. O governo, liderado pelo Syriza, foi eleito com a promessa de acabar com anos de austeridade forçada, que fizeram o desemprego disparar para cima dos 25% e o Produto Interno Bruto (PIB) recuar mais ou menos na mesma percentagem.
Greek voters will not know precisely what they are voting on in the #Greferendum. https://t.co/Ln7pYikL5t#Greecepic.twitter.com/J4cvXfBfGN
— EUobserver (@euobs) 30 junho 2015
“Deve ser aceite o acordo proposto, que foi submetido pela Comissão Europeia, o Banco Central Europeu e o Fundo Monetário Internacional no Eurogrupo de 25.06.2015 e que consiste em duas partes, que constituem uma proposta unificada?” Esta é a complicada pergunta a que os gregos vão ter de responder “Sim” ou “Não”.
As propostas dos credores estão em dois documentos escritos em inglês e que são “grego” para os leigos em matérias de economia e finanças.
Deutsche Bank: A Grexit isn't as big of a deal for the eurozone as everyone thinks http://t.co/LEkFDLTzpRpic.twitter.com/LkhdH2RfiN
— Overnewser - Economy (@economyovernewz) 30 junho 2015
O governo faz campanha pelo “Não”. A oposição e uma boa parte dos principais líderes europeus fazem ativamente campanha pelo “Sim”, ameaçando a Grécia com uma saída do euro – que não está prevista em nenhum tratado – e até com o espectro de uma saída da União Europeia.
Há também quem considere que o referendo é inconstitucional:
“Claramente, o artigo 44, parágrafo 2, da Constituição grega proíbe, por uma razão, o lançamento de um referendo sobre questões de finanças públicas. O motivo é evidente: matérias tão complexas e delicadas, como são as finanças públicas, não podem ser decididas com uma resposta ‘Sim’ ou ‘Não’”, referiu um analista político, Dimitri Sotiropoulos.
O que irá acontecer se o “não” vencer o referendo é a pergunta que vale tanto como a colossal dívida acumulada pelo Estado helénico.
Front Page of Portuguese satirical newspaper, @inimigo Público. #Grexit#GreeceCrisis#Tsipras#EuroCrisispic.twitter.com/HuPaiEQHUy
— Rita Vaz da Silva (@RitaVazdaSilva) 29 junho 2015
Os Jogos Olímpicos de Atenas, em 2004, é um exemplo dos “elefantes brancos” desta tragédia grega.
Há também quem veja no referendo o inicio de uma nova era na Europa, com uma democracia mais direta:
“Talvez esta consulta marque o início de um novo período em que vamos ter mais referendos deste género. Recordo que (David) Cameron já se comprometeu a realizar um referendo deste tipo (no caso sobre a permanência na União Europeia). Portanto, estamos provavelmente a avançar para um período de referendos, do “Grexit” para o “Brexit”, em que os estados vão decidir em consulta popular a relação que querem ter com a Europa”, afirmou o constitucionalista Nikos Skoutaris.
Mais integração ou o princípio do fim? O futuro da União Europeia pode começar a desenhar-se este domingo e mais do que o resultado do referendo, será a reação dos políticos que poderá fazer pender a balança para um dos lados.
E cade la #Grecia#Grexitpic.twitter.com/KoRGFmtGLP
— Luca Forcini (@lucabambu) 25 junho 2015