A União Europeia (UE) manifestou-se esta terça-feira “muito preocupada” com a escalada de violência registada no sul da Turquia e reconheceu que
A União Europeia (UE) manifestou-se esta terça-feira “muito preocupada” com a escalada de violência registada no sul da Turquia e reconheceu que Ancara tem o direito de evitar e de reagir a qualquer forma de terrorismo.
A posição dos “28” surgiu pelo comissário europeu para o Alargamento, Johannes Hahn, e foi revelada após conversar ao telefone com o ministro dos Assuntos Europeus turco, Volkan Bozkir, e Selahattin Demirtaş, o colíder do Partido Democrático do Povo (HDP), a primeira força política curda a conseguir assento no parlamento da Turquia.
Curiosamente, a preocupação europeia é anunciada no mesmo dia em que novos atos de violência voltam a marcar, no sudeste do país, o histórico conflito entre Ancara e o Partido dos Trabalhadores Curdos (PKK, na sigla original).
Numa alegada vingança contra os bombardeamentos dos últimos dias a posições do PKK, três soldados turcos foram mortos em dois ataques distintos reportados na província de Sirnak. Logo pela manhã, com a detonação de um explosivo à passagem de um carro militar, morreram dois soldados próximo da aldeia de Balveren. O lançamento de roquetes contra um quartel militar em Silopi vitimou um terceiro.
[#UPDATE]Three security personnel killed by mine in southeast Turkey http://t.co/ScDLSLWCIPpic.twitter.com/aArJ7u8MBF
— Today's Zaman (@todayszamancom) 4 agosto 2015
Na província vizinha de Hakkari, há relato de outros ataques pelo PKK. Pela tarde desta terça-feira, roquetes foram disparados contra uma esquadra da polícia em Yüksekova, sem fazer vítimas, e contra alvos não definidos na cidade vizinha de Daglica. Neste segundo ataque, uma menina de seis anos terá ficado ferida.
A Turquia respondeu de pronto. Novos bombardeamentos contra alvos do PKK foram relizados no sudeste do país e no norte do Iraque.
O Partido Republicano do Povo (CHP), a segunda força política turca e a principal oposição ao AKP, do Presidente Erdogan, apelou ao PKK pelo fim da violência. “Gostaríamos de sublinhar a necessidade de todos os partidos adotarem uma posição comum contra o terrorismo. O PKK tem de perceber que a paz não pode ser conseguida pelas armas. O PKK deve baixar as armas pela paz”, afirmou esta terça-feira Elgin Altay, o presidente do grupo parlamentar do CHP, após uma reunião entre os líderes do CHP e do HDP.
CHP urges PKK to end violence after talks with HDP http://t.co/bL1wVkJqQYpic.twitter.com/cYkgvrnns9
— Today's Zaman (@todayszamancom) 4 agosto 2015
A trégua acordada em 2013 entre o PKK e o governo da Turquia desmoronou-se há duas semanas após um atentado mortífero realizado a 20 de julho em Suruç. no sul do país, e atribuído ao grupo autoproclamado Estado Islâmico (ISIL, na sigla inglesa). A guerrilha curda replicou contra as forças da ordem turcas, acusadas de não protegerem a população local. Desde então, os ataques aéreos turcos têm-se concentrado em alvos do PKK e apenas alguns foram dirigidos aos combatentes do ISIL na Síria.
Read my full #press statement follow. telephone conversations with Minister
volkan_bozkir</a>+Co-Chair <a href="https://twitter.com/hdpdemirtas">
hdpdemirtas: http://t.co/4LWBBX3qsG 2/2— Johannes Hahn (@JHahnEU) 4 agosto 2015
A UE “reconhece o compromisso das autoridades turcas em intensificarem a luta contra o Estado Islâmico” e pede à Turquia para “estar à altura do papel importante e estratégico que desempenha, abstendo-se de qualquer ação que desestabilizaria a região”, insistiu Johannes Hahn. O comissário lembrou que Bruxelas prometeu um apoio acrescido à Turquia pelo acolhimento de 2 milhões de refugiados sírios e iraquianos. Ancara é oficialmente candidato à adesão à UE desde 2005, mas as negociações estão bloqueadas devido a divergências profundas sobre questões como os direitos humanos ou o sistema judiciário.