O presidente honorário do Partido Socialista, António Almeida Santos, morreu na segunda-feira em sua casa, em Oeiras, pouco antes da meia-noite
O presidente honorário do Partido Socialista, António Almeida Santos, morreu na segunda-feira em sua casa, em Oeiras, pouco antes da meia-noite. Tinha 89 anos.
Almeida Santos sentiu-se mal após o jantar e foi ainda assistido ainda na sua residência. O fundador do PS, que completaria 90 anos a 15 de fevereiro, foi submetido por duas vezes a cirurgias cardiovasculares.
Advogado, formado em Coimbra, cedo se estabeleceu em Lourenço Marques (atual Maputo), onde também se envolveu em atividades políticas e de apoio a nacionalistas.
O envolvimento na política levou-o a ser um dos protagonistas no Portugal pós-25 de Abril de 1974, como ministro de várias pastas, desde o I Governo Provisório, conselheiro de Estado, presidente da Assembleia da República e presidente do PS, tendo sido um dos mais próximos colaboradores de Mário Soares.
Autor de dezenas de livros, ostentava várias condecorações, designadamente as portuguesas Grã-Cruz da Ordem da Liberdade e da Ordem Militar de Cristo.
O corpo vai estar em câmara ardente na Basílica da Estrela, em Lisboa, mas não haverá cerimónia religiosa, a pedido do próprio.
Primeiro-ministro recebe notícia com “choque”
O primeiro-ministro, António Costa, recebeu a notícia da morte de Almeida Santos à chegada a Cabo Verde “com enorme choque”, disse o próprio em declarações à agência Lusa, acrescentando que se trata da “perda de um grande amigo, de um camarada”.
Almeida Santos “foi um homem extraordinário, um grande legislador, que construiu o Estado de Direito a seguir ao 25 de Abril de 1974”, afirmou.
Maria de Belém suspende campanha eleitoral
Já a candidata presidencial Maria de Belém Roseira suspendeu hoje todas as ações de campanha eleitoral até à realização do funeral do presidente honorário do PS.
“Era uma pessoa com uma sabedoria e uma serenidade extraordinárias. Com uma inteligência absolutamente fantástica. Pessoas destas fazem sempre uma enorme falta quando desaparecem e o mundo não fica igual”, disse Maria de Belém.
Sampaio da Nóvoa, também candidato presidencial, recordou Almeida Santos como um “combatente pela liberdade e por todos acarinhado”.
Marcelo Rebelo de Sousa classificou Almeida Santos como uma “personalidade invulgar” e “um homem muito inteligente”, destacando o papel desempenhado pelo ex-dirigente do PS na consolidação da democracia.