Mesmo que o inverno e as novas barreiras tenham contribuído para reduzir o fluxo, por comparação com o pico do verão, a situação continua fora de controlo.
O frio e a neve não travam a determinação dos migrantes. Para fugir à guerra na Síria ou à violência no Iraque pouco importa que a temperatura desça aos 20ºC negativos em alguns pontos da rota para o Ocidente, como acontece na Macedónia. Mesmo que o inverno e as novas barreiras tenham contribuído para reduzir o fluxo, por comparação com o pico do verão, a situação continua fora de controlo.
Grécia e Itália são as grandes portas de entrada na Europa. Às terras transalpinas chegam essencialmente os migrantes provenientes de África, o território helénico recebe os que vêm do Médio Oriente.
Se 2015 foi um ano recorde, com a chegada de mais de um milhão de pessoas, nas primeiras três semanas de 2016 foram registados perto de 37.000 migrantes na Europa, segundo a Organização Internacional para as Migrações (OIM), que estima em mais de 50 mil o número de migrantes que terá entrado no velho continente durante o mesmo período.
No ano passado, a Europa chegou a acordo para repartir 160.000 refugiados pela União Europeia. Alemanha, França e Espanha prometeram um esforço redobrado no acolhimento. Mas, no terreno, a relocalização avança a conta-gotas.
O Reino Unido, que não está vinculado à política de asilo da União Europeia, decidiu acolher 20.000 refugiados ao longo de 5 anos, depois de num primeiro momento não ter querido contribuir para o esforço. Mas, até agora, apenas 4 refugiados foram acolhidos e foi no quadro de um reagrupamento familiar.
À lentidão na relocalização juntam-se as barreiras, como a vedação erigida na Hungria, que fechou a fronteira com a Sérvia e recusa acolher refugiados.
Como o muro, as posições polémicas do primeiro-ministro, Victor Orban, provocaram polémica.
No total, a União Europeia construiu cerca de 235 km de vedações ao longo das suas fronteiras externas:
- 175 km na raia da Hungria com a Sérvia;
- 30 km na fronteira da Bulgária com a Turquia;
- 18,7 km para separar de Marrocos, Ceuta e Melilla, enclaves espanhóis;
- 10,5 km ao longo da fronteira da Grécia com a Turquia, na região de Évros.
Apesar da opinião pública continuar a manifestar-se a favor do acolhimento de refugiados, os países da União Europeia vão fechando as portas. A Suécia prevê deportar até 80 mil migrantes, quase metade dos que pediram asilo no ano passado. Na Alemanha, muitos iraquianos começaram a regressar a casa: dizem que o ‘El Dorado’ europeu foi afinal um pesadelo.