Myanmar: Fim do processo de transição não afasta militares do poder

O Myanmar parece longe do fim do processo de transição política do regime militar, no dia em que terminam os cinco anos de mandato do parlamento interino.
O novo hemiciclo, liderado pelo partido de Aung San Suu Kyi, vai tomar posse na segunda-feira, com uma Constituição que impede a antiga líder da oposição de assumir a presidência, concedendo o direito de veto aos militares que controlam ainda 25% do novo hemiciclo.
Uma situação que não distanciou a vencedora das eleições de Novembro do discurso de reconciliação, esta sexta-feira, no parlamento:
“Quero dar as boas vindas aos novos membros do parlamento. Entretanto queria felicitar os antigos membros pelo trabalho que levaram a cabo, o futuro é agora muito mais claro para os novos deputados”, afirmou Suu Kyi.
Sob o governo transitório do presidente Thein Sein, eleito em 2011 e que abandona o cargo em Março, os militares tinham acordado medidas como a libertação de prisioneiros políticos, a legalização dos sindicatos ou o fim da censura.
Várias questões permanecem, no entanto, em aberto, como a polémica amnistia para os responsáveis militares, ou os mais de 400 ativistas políticos que continuam ainda a aguardar julgamento no país.
Situações que parecem abrir uma brecha na Liga Nacional para a Democracia, quando vários membros do partido de Suu Kyi rejeitam o acordo para dar a vice-presidência do parlamento ao partido da União, Solidariedade e Desenvolvimento, “herdeiro” da junta militar que governou o páis durante cinco décadas.