O sudeste asiático vive as piores inundações das últimas décadas. A tragédia poderia ser menor se existisse planeamento.
Índia, Bangladesh e Nepal enfrentam há dois meses as piores inundações registadas no sul da Ásia nas últimas décadas. Mais de 1.400 pessoas morreram e milhões ficaram desalojadas. De acordo com a Organização das Nações Unidas (ONU), 41 milhões de pessoas foram afetadas.
O resultado são cidades inteiras isoladas, com estradas bloqueadas, comboios paralisados, aviões desviados, escolas e outros serviços públicos encerrados, milhares de casas danificadas e centenas de milhares de hectares de terra de cultivo destruídos.
A extensão da tragédia poderia ser menor, segundo os peritos, se existisse planeamento por parte dos governos, já que o Sudeste Asiático é confrontado regularmente a inundações durante a temporada de monções, entre junho e outubro. Esta é a opinião de Shreeshan Venkatesh, um investigador do Instituto para a Ciência e o Meio-ambiente em Nova Deli:
“Normalmente, não integramos modelos climáticos nem fenómenos climáticos na forma como planeamos as coisas. Ao nível das infra-estruturas, do desenvolvimento, da indústria, seja o que for. E se não fizermos isso, vamos enfrentar danos ainda maiores. Tendemos a considerar estes acontecimentos uma fatalidade em vez de algo que sendo inevitável, deve ser planeado.”
O Nepal, que ainda não recuperou depois do terremoto de 2015, sofre as piores inundações dos últimos 15 anos. Morreram mais de 140 pessoas e dezenas estão desaparecidas, há cerca de 100 mil famílias desalojadas.
As inundações no Nepal foram seguidas pelas cheias na Índia e depois no Bangladesh. Não houve porém cordenação alguma entre as entidades públicas destes países vizinhos.