Philippe Boesmans musicou a célebre epopeia de um boneco de madeira em busca de humanidade.
A Ópera de Bruxelas regressou ao Teatro Real de La Monnaie,ao fim de dois anos de obras de restauro. E foi o compositor residente, Philippe Boesmans, quem teve a honra de reinaugurar esta sala de concertos. Para isso escreveu uma partitura para “Pinóquio”, na versão de Jöel Pommerat, musicando a célebre epopeia de um boneco de madeira em busca de humanidade.
“É fantástico começar assim, com uma peça que é algo iniciática. É fabuloso estar de volta ao La Monnaie. Antes de começarmos, já nos sentíamos num conto de fadas. É como um reencontro, como se tivéssemos regressado de uma longa viagem. Chegámos a casa”, declara o compositor.
“Aqueles que estão dispostos a aprender tornam-se verdadeiros”
O papel de Pinóquio é desempenhado por Chloé Briot. “É muito confortável cantar uma peça do Philippe Boesmans. Nunca tenho dúvidas quando olho para a partitura. É como calçarmos os nossos chinelos. Por isso é que pude ir mais longe no lado da representação”, aponta a mezzo-soprano.
Review: ‘Pinocchio,’ the Opera, Is a Hit for a Renovated Theater https://t.co/NmvUw3QZ69
— La Monnaie De Munt (@LaMonnaieDeMunt) 8 September 2017
O maestro Patrick Davin, que já colaborou várias vezes com Boesmans em Bruxelas, salienta que “é bom falar primeiro com os compositores durante a preparação, para tentar perceber as suas intenções, de onde é que as ideias surgiram. É isso às vezes que nos ajuda a encontrar soluções. Imagine que era Verdi que nos vinha dizer: ‘Estão a fazer um bom trabalho!’”.
Philippe Boesmans explicou-nos também parte da metodologia: “Temos de ser muito lúcidos e, ao mesmo tempo, sensíveis quando fazemos uma composição. Lúcidos, porque é preciso pensar em todos os instrumentos, nos cantores, no espaço, ‘será que isto vai funcionar, vamos ter tempo para fazer isto?’ A moral da história é: aqueles que conseguem ultrapassar os obstáculos na vida, que estão dispostos a aprender, tornam-se verdadeiros. Não apenas em carne e osso. Verdadeiros porque não mentem, não tentam enganar a própria vida”.