Encontro entre Mugabe, Chiwenga e enviados sul-africanos

Encontro entre Mugabe, Chiwenga e enviados sul-africanos
De  Antonio Oliveira E Silva
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Horas antes, Robert Mugabe disse que era "o líder legítimo do Zimbuabé" e não referiu intenção de deixar o cargo.

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Depois da tomada do poder por parte do exército zimbabueano, o ainda presidente Robert Mugabe surgiu em imagens na presença do líder militar, Constantino Chiwenga, e de representantes do Governo sul-africano, enviados por Pretória como mediadores.

O encontro lançou novas dúvidas sobre uma situação caótica e que deixou o país num impasse, uma situação seguida de perto pela vizinha África do Sul e pela Comunidade de Desenvolvimento da África Austral#, a SADC (sigla em língua inglesa).

Horas antes, os esforços de mediação levados a cabo por um padre em nada resultaram, com o presidente do Zimbabué a recusar o mediador.

Um país com futuro político ainda incerto

Apesar da expectativa causada pelo encontro, o diário The Herald, propiedade do Estado zimbabueano, publicou apenas algumas linhas sobre o assunto, deixando cerca de 13 milhões de pessoas sem saberem o que poderá acontecer nos próximos dias.






Robert Mugabe insistira, horas antes, no facto de que era “o líder legítimo do Zimbabué” e recusando-se a demitir e ignorando o que era descrito pelos jornalistas como uma “pressão crescente” por parte da oposição e do exército.

A tomada de poder pelos militares é vista, para alguns, como o início do colapso da chamada era Mugabe. A medida parece ter afetado setores fundamentais para a sobrevivência do presidente, como os serviços de segurança e os serviços de informação.

Morgan Tsvangirai apela ao fim da era Mugabe

O líder da oposição, Morgan Tsvangirai, apelou a Mugabe que deixasse o poder, referindo o “interesse dos cidadãos” e do “povo zimbabueano”. Durante as declarações, Tsvangirai referiu-se a Mugabe como “senhor” e não como “presidente”.

Tsvangirai, agora com 65 anos, passou uma temporada no Reino Unido e na África do Sul, onde recebeu tratamento por causa de um cancro. Regressou a Harare na quarta-feira. Poderia ser um dos candidatos à liderança de um Governo de união nacional.

Alguns analistas apontam, no entanto, para a possibilidade de que o exército prefira que o antigo vice-presidente, Emmerson Mnangagwa, assuma o poder. Mas o importante, para os militares, parece ser evitar que a mulher do presidente, Grace Mugabe, de 52 anos, se apeoxime da presidência.

Grace Mugabe, a impopular

Grace Mugabe é pouco popular entre a população, sendo conhecida como DisGrace (DesGraça) ou Gucci Grace (Alusão à marca de alta costura italiana que costuma usar). No início dos anos 90, deu início a uma relação com Mugabe, quando a então esposa do presidente, Sally Mugabe, se encontrava às portas da morte, vítima de doença renal.






Grace Mugabe preconizou uma ascenção imparável nos últimos dois anos no seio do partido ZANU-PF. O afastamento de Mnangagwa, conhecido como “O Crocodilo”, do cargo de vice-presidente, deu início à atual crise que se vive no país do sul do continente africano.

Robert Mugabe ocupa a presidência do Zimbabué desde a emancipação da maioria negra da então Rodésia, anteriormente Rodésia do Sul. Para muitos, trata-se de um herói dos movimentos das independências africanas, apesar dos atropelos aos Direitos Humanos de que tem sido acusado pela oposição e Comunidade Internacional, durante o seu longo mandato.

O antigo “celeiro de África”, agora em crise

O Zimbuabué chegou a ser conhecido como “o celeiro de África”, mas a economia entrou em colapso, depois da campanha levada a cabo por Mugabe para retirar das mãos dos agricultores da minoria branca as quintas responsáveis pela produção agrícola nacional, na década de 2000.

Em 2008, a sua decisão de aumentar a impressão de notas fez com que a inflação disparasse para níveis sem precedentes. Posteriormente, o país viveu uma ligeira estabilidade, mas os níveis de pobreza continuam elevados.

Calcula-se que cerca de três milhões de zimbabueanos tenham emigrado, muitos para a África do Sul.

Com Marco Lemos e agência Reuters

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