O Papa Francisco parte, esta noite, para a antiga Birmânia. A visita de quatro dias marca a primeira etapa do périplo à Ásia que termina em dezembro
Está tudo a postos na antiga Birmânia para receber o Papa. A visita de Francisco ao país suspeito de ter curso uma “limpeza étnica” contra a minoria muçulmana rohingya arranca, esta segunda-feira. A questão é de tal forma delicada que a própria igreja local já pediu ao Papa para que não pronuncie o termo “rohingya.”
As expectativas em torno da primeira visita de um pontífice ao país são elevadas. “Penso que o Papa nos pode conduzir à paz e dar conselhos para acabar com a tensão religiosa” defende U Khun Aung, um católico de Kachin.
Conselhos que a comunicação social estrangeira não vai poder acompanhar já que as autoridades da antiga Birmânia impuseram restrições à imprensa internacional durante a visita do Papa.
“O Papa Francisco está a tentar apoiar o processo de reconciliação em Myanmar e, por consequência, limitar o poder dos militares. Não quem ele tenha esse poder, mas porque ao reforçar o poder de Aung San Suu Kyi e ao passar a sua mensagem com esta visita pode ajudar a comunidade internacional a ter um papel mais ativo no futuro do país” refere o Padre Bernardo Cervellera, especialista em assuntos do Vaticano.
Um país onde a comunidade cristã não ultrapassa as 650 mil pessoas. A visita de quatro dias do Papa coincide com a crise humana desencadeada pela operação do exército contra os rohingya que obrigou mais de 600 mil pessoas a procurar refúgio no vizinho Bangladesh. Recentemente, os dois países chegaram a um acordo para facilitar o regresso desta minoria, mas as organizações de ajuda humanitária pedem garantias de segurança.
O Bangladesh é o país que se segue no périplo de Francisco pela Ásia que termina a 2 de dezembro.