Bolsonaro, o "Trump brasileiro"

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De  Ricardo Figueira
Bolsonaro, o "Trump brasileiro"

Assumidamente radical. É assim que se define Jair Bolsonaro, número dois nas sondagens para as presidenciais do próximo ano, atrás do ex-presidente Lula da Silva. O homem a quem alguns chamam o "Trump brasileiro", deputado do Partido Ecológico Nacional, conhecido pelas tiradas controversas, desde insultos aos adversários à defesa da ditadiura militar, falou sem filtros à RTP.

Não houve ditadura militar no Brasil.

Jair Bolsonaro Candidato presidencial brasileiro

"Você não deve ser radical no combate à corrupção? Não deve ser radical na defesa dos valores familiares? Da inocência das crianças na sala de aula? Não tem de ser radical no combate ao comunismo? Sou radical. Não tem de ser radical no combate à violência no Brasil?", pergunta o candidato.

A repressão violenta do crime é um dos cavalos de batalha de Bolsonaro que várias vezes, nomeadamentequando votou pela destituição de Dilma Rousseff****, não hesitou em evocar os militares autores do golpe de 1964. Para ele, **a ditadura nunca existiu: "**Não houve ditadura militar aqui. Os militares até lançaram um programa - Brasil, ame-o ou deixe-o. O Brasil cresceu assustadoramente. Você tinha segurança, a família era respeitada. Você podia ir para Portugal e voltar na hora em e bem entendesse", diz.

Recentemente, Bolsonaro foi alvo de processos por declarações contra os homossexuais, em que diz que "nunca teria um filho gay, porque tiveram boa educação". O candidato diz que não é homofóbico e até tem amigos gays: "Quem não tem um amigo gay? Hoje em dia, a maioria dos homossexuais vota em mim no Brasil. Se alguém, eu ou você, seja quem for, resolver ser gay, vá ser e vá ser feliz. Ninguém tem nada a ver com isso. Mas ensinar isso na escola, isso não admito. Pode chamar-me homofóbico, isso eu não admito".

Nas sondagens, Bolsonaro ultrapassa o centro-direita tradicional, minado pelos escândalos de corrupção. Em locais como a capital, Brasília, chega até a liderar, à frente de Lula. Nas eleições, marcadas para outubro do próximo ano, o difícil vai ser encontrar candidatos que nunca tiveram problemas com a justiça, a começar pelo favorito das sondagens.

Entrevista de Luís Baila - RTP