O chefe de Governo russo pediu a demissão na tomada de posse do chefe de Estado, como manda a Constituição e agora cabe à Duma decidir
Após a tomada de posse para um quarto mandato como Presidente da Rússia, a primeira medida de Vladimir Putin apontada ao futuro foi a proposta à Duma para que Dmitri Medvedev fosse reconduzido no posto de primeiro-ministro.
A proposta enquadra-se no Artigo 83 (a) e no Artigo 111 da Constituição da Federação Russa.
Na véspera, o presidente reuniu-se com o executivo e agradeceu os resultados alcançados perante os desafios dos últimos seis anos.
Como manda a Constituição russa, o chefe de governo apresentou a demissão do executivo na tomada de posse do Presidente.
No primeiro ato, já como chefe de Estado, Putin assinou a ordem executiva suportada pelo Artigo 116 da Constituição russa, a aceitar a demissão do governo, e logo a seguir uma outra, pelo pressuposto no Artigo 117(5), a dar consequência ao pedido à equipa de Medvedev para se manter em funções até à formação de um novo Governo.
Medvedev: um velho amigo de Putin
Dmitri Medvedev tem 52 anos, é casado, tem um filho e ocupa o cargo de primeiro-ministro desde 2012. Formado em Direito, tanto ele como Putin eram próximos de Anatoli Sobchak, o presidente da Câmara de São Petersburgo, onde ambos nasceram. O autarca é conhecido como o mentor político de Putin.
Dmitri e Vladimir trabalharam juntos na câmara após a União Soviética colapsar e dar lugar, entre outras nações, à Rússia. Putin liderou o gabinete dos Negócios Estrangeiros.
Medvedev mudou-se para uma firma de madeira como diretor de assuntos jurídicos.
Quando Putin se tornou primeiro-ministro em 1999, nomeou Medvedev para um lugar de relevo em Moscovo. Quando Boris Yeltsin passou a pasta de presidente interino a Putin, este promoveu Medvedev a chefe adjunto da administração presidencial.
Dmitri viria a liderar a primeira campanha presidencial de Vladimir. Assumiu depois vários altos cargos de gestão dos negócios da Gazprom e teve ainda uma passagem pelo Kremlin como chefe de gabinete de Vladimir Putin antes de se tornar primeiro-ministro adjunto.
Em 2008, Medvedev permitiu a Putin uma "finta" à Constituição. O presidente tinha completado o segundo e último mandato consecutivo permitido por lei, mas para se manter no controlo da Federação nomeou o amigo Dmitri como presidente.
Vladimir tornou-se primeiro-ministro e o duo manteve assim o controlo político da Rússia até 2012, com Medvedev a cultivar uma imagem liberal e mais próxima do ocidente do que Putin. Houve quem pensasse que a Federação poderia estar a mudar. Não se confirmou.
Em 2012, Putin voltou a poder candidatar-se a presidente e, sem surpresa, ganhou. Propôs o amigo Dmitri para primeiro-ministro e, seis anos volvidos, com novo mandato nas mãos, reitera agora a proposta à Duma, o parlamento da Federação russa.