Regresso é normalidade deverá ser progressivo. Principal associação de profissionais fica fora do acordo.
O Governo brasileiro chegou a acordo com os camionistas para suspender um protesto de quatro dias que poderia vir a afetar gravemente a maior economia da América do Sul.
Brasília prometeu mudanças nos preços do gasóleo e os trabalhadores prometeram que o movimento social ficaria suspenso durante 15 dias.
Com o acordo, prevê-se também um corte nos impostos sobre o gasóleo, medida que precisa, no entanto, da aprovação do Congresso, que deverá analisar a proposta na próxima semana.
O Executivo Federal poderá ter de vir a gastar o equivalente a mais de mil milhões de euros para compensar a petrolífera Estatal Petrobras por eventuais perdas relacionadas com a necessidade de estabilização dos preços.
O acordo entre o Governo de Michel Temer e os camionistas foi conseguido com certa rapidez, até porque a pressão começava a fazer-se sentir em vários setores de atividade, desde os postos de gasolina, com consequências para o transporte público, aos supermercados, com falta de alimentos essenciais nas prateleiras dos supermercados.
Um acordo flexível
O acordo implica um corte de 10% nos preços do gasóleo, medida anunciada pela Petrobras, numa medida que deverá durar 30 dias. Posteriormente, os preços deverão ser avaliados a cada 30 dias.
A Petrobrás deverá ser compensada pelo Estado sempre que o preço de venda do gasóleo seja inferior ao preço da refinaria. Poderão ser transferidos para a petrolífera o equivalente a mais de 160 milhões de euros por mês.
Para a Petrobás, o acordo é "altamente positivo e uma vitória para a companhia," já que os fundos a transferir permitirão que a empresa "preserve sem problemas" a sua política de preços.
Um retorno à normalidade progressivo
Com a suspensão da greve, o regresso à normalidade não será conseguido de forma imediata. De acordo com a Associação Brasileira de Caminhoneiros (Abcam), um dos principais grupos responsáveis pela greve, são precisos pelo menos 12 dias para.
A Abcam não assinou o acordo, ao contrário de outros grupos e sindicatos do setor, que saem fortalecidos do movimento social, que começou na passada segunda-feira.
A greve atingiu 25 dos estados da União, tendo sido registados cerca de 500 bloqueios de estradas em todo o território brasileiro.
De acordo com os media brasileiros, cerca de um milhão de camionistas terá participado no movimento social.
Esta sexta-feira, as linhas de montagem de todas as construtoras de automóveis instaladas no Brasil devem permanecer paradas por causa da greve.
O Brasil luta para recuperar da mais grave recessão económica em décadas e as greves dos camionistas poderiam tornar-se num sério obstáculo a essa recuperação.