Pior período de seca dos últimos 50 anos leva autoridades a permitir abate de animais selvagens para proteger as fontes de água do gado
O governo da Austrália decidiu aumentar o número de cangurus que os fazendeiros podem matar e reduziu as burocracias necessárias para se conseguir as respectivas licenças.
As licenças para matar cangurus podem ser solicitadas agora via internet ou pelo telefone e a carne dos animais mortos pode ser depois usada para fins não comerciais, incluindo como isco.
Por causa do pior período de seca na Austrália desde 1965, os cangurus têm perdido a vergonha e o medo em busca de alimentos, revelando-se uma forte concorrência do gado pelas fontes de água existentes.
Há já inclusive imagens destes animais simbólicos da Austrália a invadir zonas urbanas da capital, Camberra.
Os acidentes envolvendo cangurus já tinham atingido as 2291 ocorrências no final de julho, aproximando-se das 2634 registadas durante todo o ano passado.
"É provável que venhamos a ter mais de 4000 incidentes envolvendo cangurus no final deste ano", afirmou Daniel Iglesias, citado pelo jornal Canberra Times.
"Este é um fenómeno típico dos anos de seca porque estes animais ficam sob stresse", acrescentou diretor do Serviço de Conservação e Parques no Território da Capital Australiana.
A autorização para matar mais cangurus é apenas uma das várias medidas anunciadas pelo primeiro-ministro Malcolm Turnbull para apoiar os agricultores e criadores de gado afetados pela seca.
O estado de Nova Gales do Sul, no leste da Austrália, foi declarado 100 por cento em estado de seca.
A queda de alguma precipitação deu esperança à região, mas muito pouca. As previsões para os próximos meses não são favoráveis.
Estamos, curiosamente, no pico do inverno no hemisfério sul. Este último outono, que terminou a 31 de maio, foi inclusive o quarto mais quente na Austrália desde que há registos, com a queda de precipitação abaixo da média de todo o país.
O mês de julho foi ainda o mais seco na Austrália desde há mais de 15 anos.
Com as atuais condições de calor extremo e chuva abaixo do normal, o receio aumenta para um novo fenómeno El Niño no final deste ano.