Nicolas Hulot afirmou que os pequenos passos em matéria ambiental do governo de Macron ficam aquém dos desafios.
A demissão do ministro francês do Ambiente Nicolas Hulot causou sensação e infligiu um golpe precoce na nova era política proposta no ano passado pelo presidente Emmanuel Macron. Nicolas Hulot é uma figura popular querida dos franceses, um ecologista que ganhou fama como apresentador durante décadas do programa de televisão sobre desportos radicais Ushuaia.
A única estrela mediática do governo francês, Hulot optou por demitir-se em direto, na rádio. O ministro era visto como um trunfo no executivo de Macron e um símbolo do compromisso eleitoral de luta contra a mudança climática. Mas Nicolas Hulot sentiu que não passou de um símbolo e desiludiu-se com o empenho do governo na causa ambiental, tendo expressado várias vezes a sua frustração com a falta de reformas e de progresso na implementação de medidas.
Por outro lado, o ministro foi ele próprio alvo de críticas por parte de ativistas ambientais, que o acusaram de "vender-se" à carreira política e ao governo de Emmanuel Macron.
Um ativista desiludido com a realidade da política, o ministro da Transição Ecológica e Solidária engoliu desde o início vários sapos, íncluindo a alteração das metas para a redução da dependência francesa da energia nuclear, o acordo de comércio livre da União Europeia com o Canadá e decisões controversas sobre a utilização de pesticidas e combustíveis fósseis, a que Nicolas Hulot se opôs.
Apesar do seu mandato ficar marcado por algumas vitórias, entre as quais o abandono do projecto controverso de construção de um novo aeroporto nos arredores de Nantes, o ministro afirmou que os pequenos passos em matéria ambiental do governo de Macron ficam aquém dos desafios.