O peso da extrema-direita sueca

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De  Elza GONCALVES
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Alguns políticos suecos lamentam que os fluxos migratórios de 2015 monopolizem todo o debate político.

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Småland ocupa um lugar especial no imaginário sueco. Durante séculos, foi uma região pobre. Os habitantes eram vistos como pessoas rudes e agarradas ao dinheiro. Hoje, a região é considerada como o berço da cadeia IKEA e reconhecida por ser o cenário dos livros para crianças da escritora Astrid Lindgren.

Na véspera das eleições legislativas, a região ocupa as manchetes dos jornais por ser um bastião dos Democratas Suecos (DS) partido herdeiro do movimento neonazi da segunda metade do século XX.

Birger Pettersson conhece bem a região. Viveu toda a vida na aldeia de Odenslanda.

"Nasci aqui e vivi aqui a vida toda, numa casa ali em cima. Estive a pensar nas eleições de 2002 e lembrei-me da percentagem de pessoas que votou no SD, foram 2%", disse o agricultor sueco à euronews.

O peso do eleitorado rural

As sondagens indicam que o partido anti-imigração e anti-União Europeia deverá obter entre 15 e 20% dos votos a nível nacional. Mas, nas zonas rurais, poderá ser o partido mais votado. Muitos avançam uma explicação simples: durante muito tempo, os grandes partidos negligenciaram o eleitorado rural.

"Havia autocarros e agora já não há. Há um autocarro nas proximidades, mas, nem sequer tem uma paragem aqui. Talvez não seja confortável viver aqui, mas, tem de haver alguma coisa para nós", considerou o agricultor sueco.

Numa aldeia, próxima, em Moheda, os partidos suecos aproveitam o mercado de domingo para fazerem campanha junto dos eleitores. Mas os Democratas Suecos não abordam a questão da questão da falta de transportes. O discurso político do partido de extrema-direita gira em torno da imigração. Para o líder regional dos DS, a imigração está associada a muitos outros problemas.

"Ainda há muitos imigrantes a chegar. Não podemos suportar o nível de imigração que já existe no país. As pessoas vivem de forma segregada. O tempo de espera nos hospitais aumenta. Não há casas suficientes e as escolas têm dificuldades. Por isso, temos de suspender de forma temporária a política de asilo", defendeu Arvid Nikolausson, presidente da secção regional dos DS.

O discurso anti-Europa

Mas os democratas suecos não são o único partido a defender uma posição mais dura em relação à imigração. Tantos os sociais-democratas como os conservadores, os dois partidos tradicionais, defendem formas de limitar a imigração. Mas, alguns políticos lamentam que os fluxos migratórios de 2015 monopolizem todo o debate político.

"Está tudo demasiado centrado no debate 'nós e eles'. O tema da imigração tornou-se demasiado central. Já não se fala dos problemas nas escolas ou na saúde. Acaba-se sempre por falar na imigração, no dinheiro para os imigrantes e para os muçulmanos", sublinhou Katharina Brännström, deputada do partido conservador.

Além da imigração, há outro tema que pode favorecer os democratas suecos: a União Europeia. Tradicionalmente, a Suécia é um país pró-europeu mas o euroceticismo cresce, nomeadamente no mundo rural, entre os agricultores.

O espaço político para exprimir esse descontentamento é reduzido o que favorece as duas únicas formações que defendem uma eventual saída da União Europeia: os Democratas Suecos e os partidos mais à esquerda.

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