Jean-Claude Juncker terá que oferecer respostas convincentes para o problema da migração, de forma a reconquistar o apoio dos eurocépticos.
O discurso sobre o Estado da União marca a rentrée política da União Europeia. Este ano o discurso é especialmente importante, porque para além de ser o último antes das eleições europeias de março de 2019, a tendência eurocéptica no seio da união está a aumentar.
O caso notório mais recente é o da Itália. A tomada de posse do novo governo italiano há pouco mais de três meses, foi um facto inédito pois foi a primeira vez que um governo populista subiu ao poder num dos países fundadores da União Europeia. Este é um governo de coligação entre o Movimento de Cinco Estrelas, movimento anti-sistema nascido e criado na internet e o partido nacionalista de direita Liga Norte, com uma retórica populista e discurso anti-imigração.
A Liga tem cumprido o seu programa eleitoral, com medidas de combate a imigração ilegal como a do encerramento dos portos a embarcações de organzações não governamentais de resgate de imigrantes no Mediterrâneo, tais como o navio Aquarius. Estas medidas estão na origem da popularidade do ministro do Interior Matteo Salvini e da Liga Norte que, segundo as últimas sondagens, é presentemente o maior partido político da Itália.
A Itália pode eventualmente servir de exemplo para outros países europeus, tal como a Suécia, a Hungria ou a Áustria, onde partidos anti-União Europeia e anti-imigração têm vindo a ganhar terreno.
Assim, no seu discurso sobre o Estado da União na quarta-feira perante o parlamento europeu, o Presidente da Comissão Europeia Jean-Claude Juncker está perante um desafio difícil, já que terá que oferecer respostas convincentes para o problema da migração e reconquistar o apoio dos eurocépticos para o projecto europeu.