Imprensa australiana denuncia uma iniciativa eleitoralista da parte do primeiro-ministro, dias antes de uns comícios locais, em Sidney.
Scott Morrison, primeiro-ministro australiano, disse que o seu país poderia vir a reconhecer Jerusalém como a capital do Estado de Israel e mover a embaixada de Telavive para a cidade, dias antes de uma eleição especial em Sidney, numa zona com uma elevada população de origem judia.
A ser levada a cabo, a proposta de Morrison põe fim a décadas de política externa australiana em relação ao conflito entre Israel e a Palestina.
Mas a mudança pode dar azo a focos de tensão entre a Austrália e países vizinhos como a Indonésia e a Malásia - de maioria muçulmana - para os quais a questão da Palestina ocupada assume particular importância.
As declarações do primeiro-ministro australiano preocupam os analistas no que às relações com a Indonésia já que Camberra e Jacarta deverão assinar o tratado de comércio.
Além disso, a mudança de política em relação ao Médio Oriente poderá prejudicar as relações entre Camberra e vários Estados árabes
No passado mês de dezembro, Donald Trump anunciou a mudança da embaixada dos Estados Unidos de Telavive, onde se encontram quase todas as representações diplomáticas em Israel, para Jerusalém.
Os protestos da Autoridade Palestiniana de nada serviram.
Agora, o ministro dos Negócios Estrangeiros da Autoridade Palestiniana, Ryad al-Maliki disse estar "triste" com a decisão australiana", que viola o Direito Internacional e desrespeita uma resolução do Conselho de Segurança das Nações Unidas.
Terça-feira, embaixadores de 13 países árabes encontraram-se em Camberra e acordaram enviar uma carta ao Ministério australiano dos Negócios Estrangeiros para explicar a preocupação pela mudança de política australiana.
A abertura de Morrison a reconhecer Jerusalém como capital de Israel e transferir a embaixada surge dias antes de umas eleições locais, em Sidney, onde a coligação de centro-direita se arrisca a perder o lugar.
A eleição ocorre em Wentworth e destina-se a preencher um lugar deixado pelo antigo primeiro-ministro Malcolm Turbull, afastado num golpe interno por membros do Partido Liberal, de Morrison, parte da coligação.
Medida eleitoralista
De acordo com o recenseamento, 12,5% da população de Wentworth é de origem judia, uma proporção superior à média australiana.
O candidato do Partido Liberal, Dave Sharma, foi embaixador da Austrália em Israel e chegou a mencionar a possibilidade de uma transferência da representação diplomática no passado.
A imprensa australiana teceu duras críticas ao primeiro-ministro, que acusou de mudar de posição por razões eleitoralistas.
O estatuto de Jerusalém é um dos maiores obstáculos a um tratado de paz entre israelitas e palestinianos.
Israel diz que Jerusalém unificada é a capital do Estado de Israel, incluindo a região leste da cidade, que anexou em 1967, à Cisjordânia, parte dos Territórios Palestinianos.
Com o apoio de grande parte da Comunidade Internacional, os Palestinianos querem Jerusalém-leste como capital de um futuro Estado.