Brexit: que futuro para os europeus no Reino Unido?

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De  Joao Duarte Ferreira
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A incerteza quanto ao Brexit está a provocar ansiedade em muitos europeus que vivem e trabalham no Reino Unido

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"Stop Brexit! Not a done deal!" podemos ler no cartaz de um dos manifestantes que se faz ouvir às portas do parlamento britânico em Londres.

Por detrás do ruído das opiniões de todos os lados do espectro político, o repórter da euronews, Damon Embling, foi conhecer o que pensam aqueles que se encontram no centro da polémica: os cidadãos europeus que vivem e trabalham no Reino Unido.

"Enquanto a pressão sobre a primeira-ministra Theresa May aumenta e os protestos anti-Brexit continuam junto ao parlamento britânico os cidadãos europeus que vivem e trabalham no Reino Unido estão cada vez mais preocupados relativamente ao futuro uma vez terminado o período de turbulência política" diz Damon Embling.

É o caso da alemã Susanne Sahmland que vive e trabalha no Reino Unido há mais de trinta anos. Susanne foi professora e agora trabalha numa universidade em Londres.

A cidadã alemã tem três filhos e já tem autorização de residência, no entanto, receia que tal não seja suficiente.

"Sinto que faço parte da comunidade e também tenho um papel ativo nesta comunidade. Faço parte do coro da igreja. Sinto-me muito triste. Estou triste porque de repente sinto-me uma estrangeira", diz Susanne.

O seu filho, Frederik Bowling, tem esperança que o Reino Unido permaneça parte da família europeia.

"Na verdade, segundo o que vejo nas notícias, parece-me que não vai haver Brexit, é isso que espero", diz Frederik.

No entanto, Theresa May prometeu acabar com a liberdade de movimento depois do Brexit.

Esta foi umas das exigências dos eleitores que participaram no referendo.

Falando durante um encontro da Confederação da Indústria Britânica, a primeira-ministra não deixou dúvidas quanto à direção futura.

"Depois de termos saído da União Europeia retomaremos o controlo sobre quem para aqui vem. Os cidadãos europeus, independentemente das competências que trazem, deixam de ter prioridade perante engenheiros de Sydney ou programadores de nova Delhi", disse Theresa May.

Para Susanne e um dos seus filhos, Samson, o discurso da primeira-ministra foi um momento difícil.

"Sei que a minha mãe é alemã mas para mim ela nem sequer fala com sotaque alemão.
Por isso, ouvir dizer que de repente ela é uma estrangeira, que está a fazer tudo isto que a primeira-ministra diz que faz, simplesmente não faz sentido", afirma Samson Sahmland-Bowling.

Mas terá a primeira-ministra razão? Não estará ela a cumprir a vontade daqueles que votaram a favor do Brexit no referendo interroga o nosso repórter. Do outro lado do argumento, trata-se de uma de justiça elementar.

"É muito injusto porque vivo aqui há 35 anos e há muito tempo que contribuo para este país. Outras pessoas que vivem aqui, outros cidadãos europeus, também são cidadãos deste país e penso que depois de 35 anos não podem dizer para se irem embora", diz Susanne.

Para os que votaram a favor do Brexit, trata-se de retomar o controlo das fronteiras.

Mas para os europeus que fizeram do Reino Unido a sua casa trata-se de um pesadelo que os deixa ansiosos e isolados.

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