Estados Unidos e União Europeia apertam cerco a Nicolás Maduro

Os Estados Unidos têm sobre a mesa uma eventual intervenção militar na Venezuela, revelou este domingo o Presidente americano, numa entrevista ao programa "Face the Nation", da CBS.
A União Europeia anunciou a criação de um Grupo de Contacto Internacional (GCI) para a Venezuela após a reunião informal de ministros dos Negócios Estrangeiros dos "28" realizada sexta-feira em Bucareste.
A primeira reunião deste GCI, que integra oito Estados-membros (Portugal, Espanha, Alemanha, França, Itália, Holanda, Suécia e Reino Unido) e ainda os latino-americanos Bolívia, Costa Rica, Equador e Uruguai, vai realizar-se quinta-feira (07 de fevereiro) em Montevidéu.
O objetivo do GCI é "criar condições favoráveis para um processo pacífico que permita aos venezuelanos determinar o futuro político do país através da realização de eleições livres, transparentes e credíveis, em linha com a Constituição do país", lê-se numa nota conjunta assinada pela Alta Representante e Vice-presidente da UE, a italiana Federica Mogherini, e o Presidente do Uruguai, Óscar Tabarez.
A chefe da diplomacia europeia partilhou ainda, este domingo, um texto no blogue pessoal abordando a discussão europeia em torno da Venezuela e a conversa que teve terça-feira com o homólogo norte-americano Mike Pompeo.
Parte integrante do GCI, a ministra francesa dos Negócios Estrangeiros falou também da Venezuela numa entrevista ao programa "Le Grand Juri", numa parceria entre a RTL, o LCI e o jornal Le Figaro.
"A eleição do senhor Maduro em maio último foi uma farsa. Uma ficção eleitoral. O que o senhor Maduro tem respondido é que vai organizar eleições legislativas, donde se subentende que pretende desembaraçar-se do Presidente do Parlamento, o senhor Guaidó, que é justamente apoiado pelos manifestantes. (...) Se a partir de agora, o senhor Maduro não se comprometer a organizar eleições presidenciais, nós consideraremos que o senhor Guaidó terá legitimidade para as organizar no lugar dele", afirmou Nathalie Loiseau.
Na entrevista à CBS, Donald Trump revelou também ter rejeitado a reunião que lhe havia sido pedida "há alguns meses" pelo homólogo Nicolás Maduro.
O presidente dos Estados Unidos justificou a recusa com o argumento de que "o processo já vai muito avançado" e "está a dar resultado."
"Decidi na altura dizer 'não' porque têm vindo a acontecer muitas coisas horríveis na Venezuela. Era o país mais rico de todos naquela parte do mundo. Agora, vê-se a pobreza, a angústia, o crime e tudo o que está ali a acontecer", acrescentou Trump perante a jornalista Margaret Brennan.
Quanto ao autoproclamado presidente venezuelano, Juan Guaidó anunciou a criação de uma aliança internacional de ajuda humanitária e irá exigir às forças armadas a permissão da entrada dessa ajuda.
Guidó revelou ainda o pedido à Europa de "proteção dos ativos da Venezuela" até ao "restabelecimento da democracia e da liberdade no país."