Todos os dias, 25.000 venezuelanos atravessam a fronteira com a Colômbia. A maioria regressa depois de comprar aquilo que não consegue encontrar na Venezuela, mas cerca de três mil saem diariamente sem regresso
Todos os dias, 25.000 venezuelanos atravessam a fronteira com a Colômbia. A maioria regressa depois de comprar aquilo que não consegue encontrar na Venezuela, mas cerca de três mil saem diariamente sem regresso.
Anise Rivera é um desses emigrantes, que decidiu fugir à violência e à crise nos serviços de Saúde.
Anise Rivera: "É tudo muito difícil. Há grandes necessidades. Toda a minha família está aqui. Eu era a última ainda na Venezuela, mas não posso continuar. As minhas crianças estão a ficar doentes e tive de emigrar. É doloroso ir embora, mas espero que a Venezuela mude em breve."
José Martínez e os amigos querem ir para o Equador, mas não têm dinheiro para os bilhetes de autocarro e, portanto, vão caminhar os 1500 quilómetros até ao destino.
José Martínez: "Vamos a pé, caminhando e lutando de aqui até lá, dormindo entre cartões e pedindo boleia. Temos de chegar lá de qualquer forma."
Para ele, também é duro deixar a Venezuela.
José Martínez: "Afeta-nos, porque deixamos a família, as mães, crianças e avós. Mas temos de avançar e lutar duro para satisfazer as nossas necessidades. Para sermos capazes de obter o que queremos, uma casa, enviar dinheiro para a Venezuela, para que possam comer. Ou pelo menos tentar, porque não vamos enviar para lá uma fortuna."
Junto à fronteira, uma multidão converge numa cantina social. A maioria das pessoas não são migrantes, mas venezuelanos que atravessam todos os dias a fronteira para receber comida. Os responsáveis da cantina na cidade fronteiriça colombiana de Cúcuta falam numa "crise humanitária".
José Cañas Pérez, padre e responsável da Casa Divina Providencia: "Veja o que está a acontecer aqui. Cada dia, 5000 irmãos venezuelanos vêm aqui comer. Se não há crise, por que razão vêm aqui? Os factos falam por si."
Segundo a ONU, mais de 2,3 milhões de venezuelanos deixaram o país desde 2015.
Héctor Estepa, euronews: "Esta é a ponte Tienditas, na fronteira entre a Colômbia e a Venezuela, que não foi inaugurada. O governo de Nicolás Maduro colocou dois contentores e um camião cisterna a bloquear o lado venezuelano da fronteira e não autoriza a entrada no país das ajudas humanitárias enviadas por países que reconhecem Juan Guaidó como presidente interino da Venezuela. Maduro acredita que a entrada dessas ajudas poderia facilitar uma intervenção militar no país."