Presidente de Angola afasta Carlos Saturnino do cargo de presidente do conselho de administração da Sonangol.
O Presidente de Angola, João Lourenço, afastou Carlos Saturnino da presidência do conselho de administração da Sonangol. Sebastião Pai Querido Gaspar Martins, atual administrador da petrolífera estatal angolana, assume o cargo.
Num comunicado, divulgado pela Casa Civil do Presidente da República, lê-se que o chefe de Estado exonerou, por decreto, "todas as entidades" que integram o conselho de administração da Sonangol, alegando "conveniência de serviço público":
"O Presidente da República, João Manuel Gonçalves Lourenço, no uso das prerrogativas constitucionais e apoiado na Lei de Bases do Setor Empresarial Público, determina o seguinte, por conveniência de serviço público: são exoneradas todas as entidades que integram o Conselho de Administração da Sonangol EP para o qual haviam sido nomeadas através dos decretos presidenciais de 15 de Novembro de 2017 e 12 de Janeiro de 2018", lê-se no documento.
No decreto, João Lourenço afasta quatro dos seis administradores executivos - Luís Ferreira do Nascimento José Maria, Carlos Eduardo Ferraz de Carvalho Pinto, Rosário Fernando Isaac e Alice Marisa Leão Sopas Pinto da Cruz -, e nomeia, noutro despacho presidencial, quatro novos nomes - António de Sousa Fernandes, Jorge Barras Vinhas, Josina Marília Ngongo Mendes Baião e Osvaldo Salvador de Lemos Macaia.
O Presidente angolano manteve, exonerando e voltando a nomear, quatro administradores não executivos da petrolífera estatal - José Gime, André Lelo, Lopo do Nascimento e Marcolino Moco.
As mudanças de João Lourenço na administração da Sonangol acontecem na sequência da crise de combustíveis que está a afetar Angola desde sexta-feira, que levou a uma escassez de gasolina e gasóleo em todo o país.
Num comunicado divulgado no sábado a Sonangol EP justificava a escassez de combustíveis pela dificuldades no pagamento dos produtos refinados importados em moeda estrangeira, prometendo que, em breve, a situação estaria ultrapassada.
Terça-feira, após uma reunião que João Lourenço manteve com a equipa económica do Governo e com a administração da Sonangol, um comunicado da Casa Civil do Presidente apontava o dedo à falta de diálogo entre a petrolífera estatal e o Governo:
"Da análise feita, concluiu-se ter havido falta de diálogo e comunicação entre a Sonangol e as diferentes instituições do Estado, o que terá contribuído negativamente no processo de importação de combustíveis. Foram, no entanto, tomadas as medidas e mobilizados todos os recursos necessários para a completa estabilização do mercado de abastecimento dos combustíveis nos próximos dias", lê-se na nota divulgada terça-feira.
A falta de combustíveis em Angola levou os preços do litro de gasolina e gasóleo a dispararem um pouco por todo ao país, chegando mesmo a quadruplicar, em alguns casos.
É a segunda vez, em cerca de mês e meio, que Angola sofre condicionamentos de combustível, depois de, em meados de março, a Sonangol, alegando a necessidade de "reestruturar alguns processos" e garantindo que não havia escassez, ter parado a distribuição sobretudo de gasolina.
Os combustíveis começaram a regressar, lentamente, ao mercado apesar das longas filas para abastecer. A situação afetou várias províncias do país, levando mesmo ao racionamento de energia elétrica.