Eurovisão 2019: Holanda, Madonna e chachecóis da Palestina

Eurovisão 2019: Holanda, Madonna e chachecóis da Palestina
De  Antonio Oliveira E Silva
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Duncan Laurence conseguiu a vitória para os holandeses, algo que não acontecia desde 1975. Os Islandeses decidiram violar as regras e mostraram o seu apoio à causa palestiniana.

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Com 494 pontos, a Holanda venceu a 64ª edição do Eurofestival da Canção, que teve lugar em Telavive, Israel, depois da vitória de Netta Barzilai em Lisboa, no ano passado. Duncan Laurence subiu ao palco com "Arcade" uma balada pop cantada em inglês, como, de resto, fez a maioria dos representantes.

Em segundo lugar, ficou, no entanto, uma canção cujo intérprete decidiu cantar na língua nacional. Mahmood, italiano com origens egípcias, levou Itália ao segundo lugar, com 469 pontos.

Isto, depois da sua vitória no Festival de São Remo deste ano não ter sido do agrado do ministro do Interior (Administração Interna) e vice-presidente do Conselho, Matteo Salvini, do partido eurocético La Liga, ter dito que preferia uma canção mais italiana.

Em terceiro lugar ficou Sergey Lazarev, em representação da Rússia, o mesmo posto que tinha conseguido em Estocolmo em 2016.

O top five ficou completo com os 360 pontos da Suíça de Luca Hänni e a canção "She Got Me", totalmente cantada em inglês, e com os 338 pontos da Noruega dos KEiiNO, com "Spirit in the Sky", também cantada em inglês.

A Macedóniado Norte liderou as votações do júri, mas Tamara Todevska acabou por receber menos pontos do televoto europeu e a sua canção, "Proud" afundou-se no quadro geral, acabando no oitavo lugar, com 295 pontos.

Uma final sem Conan

Conan Osíris, o concorrente português, que cantou "Telemóveis," em português, acabou eliminado na primeira semi-final, que teve lugar na terça-feira passada.

A canção, no entanto, provou ser um êxito nas redes sociais, especialmente no Youtoube. De resto, "Telemóveis" mostra uma certa orientação das representações portuguesas depois da vitória de Salvador Sobral em 2017, com "Amar Pelos Dois", que parece valorizar um estilo mais sóbrio, evitando o estilo pop em anglo-saxónico que dominou, mais uma vez, a edição deste ano.

Como tem vindo a ser também habitual desde que o Eurofestival entrou numa fase mais moderna - depois de algum esquecimento - a edição deste ano ficou marcada por momentos que poucos esquecem.

Um turco por São Marino e os Islandeses pela Palestina

Foi o caso da canção de São Marino, interpretada em inglês por um cantor turco, cujo título e refrão- "Say Na Na Na"- foram suficientes para levar a representação do pequeno Estado à final, mas que não convenceram este sábado. Sehrat conseguiu apenas um 20º lugar, com 81 pontos.

Outro dos momentos mais esperados foi a representação islandesa, não só pela canção, descrita pelo grupo como de estilo "BDSM e anti-capitalista," como pelas declarações dos intérpretes do grupo Hatari, que criticou abertamente, em mais do que uma ocasião, as políticas do Estado israelita em relação aos palestinianos.

Ainda que tenham evitado tomar qualquer posicionamento político durante a semana que durou o evento, chegando mesmo até à final, não deixaram de responder com um certo sarcasmo às perguntas de alguns jornalistas durante as conferências de imprensa.

Mas foi quando receberam os resultados do televoto que provocaram a fúria da assistência, na sua maioria israelita, quando mostraram, perante as câmaras, vários cachec​óis com ​a bandeira da Palestina e a palavra "Palestine," durante alguns segundos.

Madonna sem brilho em Telavive

Outro grande momento da noite foi a atuação de Madonna, que aproveitou o momento para responde a quem a tinha criticado por estar no evento para recordar que, como diz uma das suas canções, "Music makes the people come together" - A música faz com que as pessoas se aproximem.

Madonna cantou alguns dos seus êxitos mais conhecidos, numa prestação que deixou muito a desejar.

O facto do Eurofestival se ter realizado em Israel foi alvo de várias críticas, dirigidas tanto ao Estado hebreu quanto à União Europeia de Radiodifusão, por causa do conflito israelo-palestiniano, da ocupação da Cisjordânia e do bloqueio à Faixa de Gaza.

Uma semana de críticas a Israel e à UER

No entanto, a UER insistiu que, tal como em todos os casos que implicam polémicas de natureza política, o conflito na região não deveria tomar conta do evento, cujo objetivo é "unir diferentes países através da música."

Tiveram lugar, de resto, vários protestos, tanto em Israel como nos Territórios Palestinianos, levados a cabo por diferentes plataformas sociais e Organizações não-Governamentais.

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Em Gaza. teve lugar o Gazavision e na Cisjordânia, o Globalvision, encontros musicais destinados a recordar que, a dezenas de quilómetros de Telavive, milhares de pessoas vivem sem as condições necessárias para uma vida digna, reféns de um conflito que dura há décadas.

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