A música pode ajudar a combater as desigualdades sociais, acreditam 12 artistas europeus e africanos que participaram num workshop, há dois meses, em Addis Abeba, na Etiópia. Um documentário sobre o projeto MAISHA mostra o potencial de investimento no setor criativo.
A música pode ajudar a combater as desigualdades sociais, acreditam 12 artistas europeus e africanos que participaram num workshop, há dois meses, em Addis Abeba, na Etiópia.
Um documentário sobre o projeto MAISHA mostra o potencial de investimento no setor criativo, num continente onde falta apoio para os artistas ao nível do crédito, infraestruturas e mobilidade.
Um dos participantes deu o seu testemunho nas Jornadas Europeias do Desenvolvimento, em Bruxelas, onde o documentário foi exibido em estreia.
"Tentámos entender as diferenças entre nossas culturas, bem como aquilo que temos em comun, e compreendemos o poder da música. Eu tenho tentado usar a música como um instrumento para ajudar mulheres e crianças", disse o pianista Samuel Yirga, da Etiópia.
Investimento e estrutura permanente
África também é um mercado inexplorado para artistas europeus em vários domínios. O diretor de um coral clássico belga defende a criação de uma estrutura permanente, com financiamento adequado.
"Como é que se pode criar uma rede efetiva, que poderia ser financiada pela União Africana (UA) e pela União Europeia (UE), por forma a criar uma colaboração ou compromisso permanente? É preciso que haja uma boa rede se quisermos ter sucesso e sustentabilidade a longo prazo", afirmou Bernard de Launoit, presidente-executivo da Chapelle Musicale Reine Elisabeth, da Bélgica.
Com uma das populações que mais crescem no mundo, o mercado de trabalho africano precisa de criar 15 milhões de novos empregos, por ano.
O empreendedorismo cultural é uma das áreas que receberá bolsas do Centro de Cooperação da Juventude da UA-UE, com um orçamento de dez milhões de euros.
"A ideia é reunir todos os interessados no ecossistema do empreendedorismo cultural: os artistas, as organizações financiadoras, as pessoas que desenvolvem a capacitação e a formação. Estarão todos a contribuir para um evento, que decorrerá na Europa ou em África, para promover artistas e criar todo tipo de oportunidades", referiu Hatoumata Magassa, do Centro de Cooperação da Juventude da UA-UE.
Num continente onde o sistema educativo ainda é inacessível para muitos, a arte também desempenha um papel importante como ferramenta educacional informal das jovens gerações.