Presidente do Brasil alega que o alerta do INPE para uma desflorestação homóloga de 88% registado em junho deste ano se baseia em dados errados e difamadores do país
O Presidente do Brasil ameaçou demitir a direção do Instituto de Pesquisas Espaciais (INPE) devido ao relatório divulgado no início de julho, revelando o aumento do desflorestamento da Amazónia Legal em 88 por cento.
Jair Bolsonaro contesta os dados do instituto afeto ao Ministério da Ciência, Tecnologia, Inovações e Comunicações, reportados a junho deste ano em comparação com o mesmo mês de 2018.
O ministro do Ambiente, Ricardo Salles, alega que parte dos dados recolhidos pelo sistema DETER (Deteção do Desmatamento na Amazónia Legal em Tempo Real), que serviram da base ao relatório do INPE, referem-se a meses anteriores ao reportado e por isso teriam levado o instituto a conclusões erradas.
Ricardo Salles não conseguiu contudo dizer qual era a quantidade correta de desflorestação da Amazónia, alegando falhas no sistema de monitorização.
O ministro anunciou a contratação de um novo sistema privado de recolha de imagens de alta resolução para melhorar a fiscalização sobre a Amazónia.
O Presidente acusa o relatório de ser difamador para o Brasil, justificando por isso uma apreciação à conduta dos responsáveis e, se for caso disso, as respetivas demissões.
"Se quebra a confiança vai ser demitido sumariamente. Se for possível ou tiver mandato. Não tem desculpa a divulgação por quem quer que seja o subordinado do governo, ministro ou o mais humilde servidor, de um dado desse peso de importância para o nosso Brasil", explicou, em conferência de imprensa, Jair Bolsonaro, para quem "uma notícia como essa, que não condiz com a verdade, tem um estrago muito grande na imagem do Brasil".
A direção do INPE reagiu às alegações do executivo de Jair Bolsonaro e, em comunicado, reafirmou a confiança na qualidade dos dados produzidos pelo DETER e onde se inclui a degradação para exploração da madeira.
O DETER emite alertas diários após processamento por diversas equipas de imagens captadas pelos satélites CBERS-4 (parceria chinesa e brasileira) e IRS (indiano).