Glaciar de Humboldt, na Serra Nevada de Mérida, na Venezuela, deverá desaparecer no prazo de 20 anos
O glaciar de Humboldt, na Serra Nevada de Mérida, na Venezuela, tem os dias contados. De acordo com os especialistas, deverá desaparecer nas próximas duas décadas mas em vez de lamentar o cenário, os cientistas locais aproveitam a ocasião para estudar a regeneração dos solos, fauna e flora de um ecossistema que está a mudar rapidamente.
Para Luis Daniel Llambí, ecologista da Universidade dos Andes, trata-se de uma oportunidade única: "As temperaturas estão a aumentar, a vegetação vai lentamente colonizando as zonas altas. Existe uma corrida entre o aquecimento global e a capacidade da vegetação para ocupar as áreas de maior altitude. As zonas altas da Serra Nevada de Mérida deviam ser a prioridade número um em termos de conservação."
A região, cerca de cinco mil metros acima do nível do mar, é de difícil acesso mas as principais dificuldades nascem bem longe da montanha. A crise política, económica e social que atravessa a Venezuela tornam a investigação científica uma raridade no país. Em Caracas, as prioridades são outras.
Alejandra Melfo, física da Universidade dos Andes, admite que "a faculdade de ciências é um fantasma do que já foi" e receia o momento em que deixará de haver luz e gás para os laboratórios.
As dificuldades são diárias mas não são suficientes para fazer desistir quem persegue a luz do conhecimento científico.