No Parlamento Europeu, poucos acreditam num desenlace rápido e positivo nesta questão.
O clima agitado com que a Câmara dos Comuns reabriu e retomou os debates sobre o Brexit contrasta com a aparente calma, mesmo se acompanhada de desespero, que se vive em Bruxelas. O grupo do Parlamento Europeu sobre o Brexit esteve reunido. À saída, o chefe dos negociadores da União Europeia, Michel Barnier, mostrou-se diplomático: "Têm de perceber que não vou e não quero comentar o que se passa em Westminster. Do nosso lado, sempre respeitámos a situação política na Grã-Bretanha e não vou mudar a minha linha".
Mas as conversações continuam e Barnier continua à espera de propostas credíveis do Reino Unido sobre como resolver o impasse do Brexit: "Continuamos prontos para trabalhar sobre quaisquer novas propostas, legais e operacionais, vindas do Reino Unido", acrescenta.
Outros, em Bruxelas, têm dúvidas sobre se Boris Johnson quer, de facto, encontrar um entendimento com a União Europeia.
Diz Philippe Lamberts, do grupo do PE para o Brexit: "A única conclusão racional que posso tirar é que Boris Johnson não está à procura de soluções, porque uma solução implicaria encontrar um compromisso com a União Europeia e depois conseguir um compromisso em Westminster para aprovar um acordo. Se queremos conseguir isso, o melhor é não começar por confrontar as pessoas como ele faz".
Mesmo se os negociadores da União Europeia encontrarem um novo acordo com o governo britânico, não há certezas de que esse acordo vá ser aceite por um parlamento de Londres em guerra permanente.
As críticas a Boris Johnson choveram depois da intervenção na Câmara dos Comuns. Vêm da família e não apenas política. A irmã Rachel Johnson deu uma entrevista demolidora. Aguardam-se as cenas dos próximos capítulos.