Violência de género em Espanha

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De  Patricia Tavares
Violência de género em Espanha
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Em Espanha, segundo as estimativas, 10% das mulheres sofre de algum tipo de violência de género. Sair da espiral é complicado, mas algumas conseguem.

É possível sair. Custa, não é uma coisa que possamos dizer: "Vou ao psicólogo dois dias e passa". Não. Há recaídas, há momentos que fico muito nervosa com ataques de ansiedade, parece que voltamos atrás, mas não ao ponto zero.
Vítima de violência de género

Sofreu abusos psicológicos durante 4 anos.

Estamos tão habituadas a que nos anulem que, quando começamos a sair e nos apercebemos do que está a acontecer - é quando o outro reage mal, é aí que nos apercebemos.

Saiu de casa há 3 anos para morar num abrigo. Tinha medo que tudo se transformasse em violência física.

Ainda tenho medo de o encontrar na rua e continuarei a ter dificuldades durante muito tempo. Até que um dia possa mudar a forma de pensar e não ter mais medo...Quando será? Não sei (...)

Felizmente, teve uma mão amiga e um sistema de proteção. Organizações locais e regionais dão assistência psicológica, jurídica ou abrigo às vítimas.

Espanha aprovou a primeira lei da Europa contra a violência de género em 2004, transformando-se num exemplo para muitos países.

Pela primeira vez, a violência contra as mulheres foi considerada um problema social, que devia ser abordado ao nível da prevenção, educação ou bem-estar social. Não era apenas mais uma questão legal, mas as penas para os agressores tornaram-se mais duras e o problema passou da esfera privada para a esfera pública.

No ano passado, Espanha registou o menor número de assassinatos dos últimos anos, mas as principais medidas dessa lei não foram completamente implementadas. Os entendidos queixam-se da falta de formação contínua e obrigatória; da falta de sensibilização assim como da falta de recursos.

Encontramos muitas dificuldades, principalmente ao nível de saturação dos serviços, porque depois das campanhas de prevenção, muitas mulheres apercebem-se que sofrem de violência e, quando recorrem a estes serviços, não há lugar.
CARLA
Psicóloga - Instituto HÈLIA

A pessoa com quem conversamos está grata pelo apoio que recebeu - mesmo que ainda haja muito a ser feito.

Se eu não tivesse tido o Institut Català de la Dona que me ajudou e me aconselhou, não teria saído de casa e continuaria sofrer violência de género como se fosse uma coisa normal. A partir desse momento, dei um nome às coisas e às situações. Sem as Instituições não conseguimos sair da situação.
Vítima de violência de género