C02: o fosso entre o prometido e a realidade

C02: o fosso entre o prometido e a realidade
De  euronews
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Há uma enorme diferença entre a quantidade máxima de CO2 estipulada nos acordos e as emissões reais.

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2019 foi o ano mais quente desde que há registo. Houve vagas de calor, fogos, degelo dos glaciares e o nível do mar aumentou. O CO2 está no ponto mais alto dos últimos milhões de anos.

A euronews esteve na COP25 em Madrid onde falou com cientistas de vários países sobre o futuro do clima. "2019 foi o segundo ou terceiro ano mais quente desde que há registo, desde a era pré-industrial. A temperatura está 1,1 graus acima da temperatura média da era pré-industrial", frisou Maxx Dilley, cientista da Organização Meteorológica Mundial. "A última vez que a Terra esteve tão quente, o nível do mar situava-se entre 6 a 9 metros acima do nível atual. Quando o planeta alcançar um novo equilíbrio, o nível do mar continuará a subir e o gelo continuará a derreter. Imaginemos o que significa um aumento do nível do mar de 6 a 9 metros, para as áreas costeiras altamente povoadas", alertou o responsável.

A última vez que a Terra esteve tão quente, o nível do mar situava-se entre 6 a 9 metros acima do nível atual.
Maxx Dilley
cientista da Organização Meteorológica Mundial

Os dados compilados pelas grandes instituições científicas confirmam a tendência de fundo. "A surpresa é que não se trata de uma surpresa! Ano após ano, quebramos recordes. Muito provavelmente os últimos cinco anos são os mais quentes desde que há registo. E os dez últimos anos são os dez anos mais quentes jamais registados", sublihou Vincent-Henri Peuch, do Serviço de Monitorização das Alterações Climáticas do Copernicus. "Estas temperaturas recordes, não apenas de um grau a mais, mas de dois ou três graus a mais nalgumas áreas, abrem um capítulo desconhecido para a Terra", acrescentou o cientista europeu.

O fosso de CO2: a diferença entre o que foi prometido e a realidade

A euronews falou com Joeri Rogelj, cientista climático do Imperial College de Londres, e Glen Peters, do Centro de Pesquisa Internacional do Clima da Noruega sobre o chamado fosso de C02: a diferença entre o nível de emissões que os países prometeram respeitar e as emissões reais. "As nossas emissões aumentam há décadas e esse aumento não desacelera muito. As emissões aumentaram cerca de 60% desde 1990. Mesmo depois da assinatura do Acordo de Paris, em 2015, ss emissões subiram cerca de 4%. Há um fosso real entre as emissões, que estão a aumentar, e as atuais ambições e retórica política", sublinhou Glen Peters.

Os cientistas não têm dúvidas sobre as consequências das emissões de C02 para o equilíbrio do planeta. "Em relação a essa questão, a ciência física está bem estabelecida e é muito simples. Cada tonelada de CO2 que colocamos na atmosfera acentua o aquecimento. Ao continuarmos a emitir CO2, aumentamos o aquecimento, aumentamos os riscos e favorecemos a acidificação do oceano", alertou Joeri Rogelj. Em 2015, os políticos decidiram em Paris que queriam manter o aquecimento bastante abaixo dos dois graus, limitá-lo a 1,5 graus. Os cientistas dizem-nos quais são as implicações dessa decisão: é preciso uma redução rápida das emissões para atingir a neutralidade carbónica em meados do século. Se as emissões continuarem a aumentar, este ano, significa claramente que não estamos a pôr em prática o que a ciência nos diz", concluiu o cientista do Imperial College de Londres.

Os dados climáticos de novembro de 2019

De acordo com o Serviço de Monitorização das Alterações Climáticas do Copernicus, o mês de Novembro de 2019 foi mais quente do que a média, com temperaturas 1,3 graus acima das da era pré-industrial.

Novembro de 2019 foi um período mais húmido do que a média, com chuvas fortes e inundações na Itália, nos Balcãs e na costa adriática. Na Noruega e no Mar Negro, o tempo esteve mais seco do que a média.

No sudeste da Austrália, a primavera foi quente e seca, o que criou condições favoráveis ​​para os incêndios florestais que se registam atualmente no país.

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