Dados históricos de Espanha sobre o clima confirmam aquecimento global

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A Euronews visitou o observatório de Ebre, na Catalunha, em Espanha. A instituição fundada em 1904 possui um arquivo com dados climáticos do início do século XX.

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O ano de 2019 na Europa ficou marcado por várias ondas de calor pouco habituais. Os últimos dados do Serviço Europeu de Monitorização das Alterações Climáticas Copernicus confirmam que, de facto, 2019 foi o ano mais quente de que há registo, com temperaturas superiores, em 1,2 graus centígrados, à média do período entre 1981 e 2010.

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Novos recordes de temperatura na Europa

Este verão, a onda de calor levou à quebra de recordes nacionais de temperatura no Oeste da Europa: 38,7 graus no Reino Unido, 42,6 graus na Alemanha e 46 graus no sul de França. Houve também temperaturas recordes no Luxemburgo, na Bélgica e na Holanda.

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Segundo ano mais quente na Terra

Não foi só na Europa que o ano de 2019 foi sinónimo de aumento de temperaturas. O ano passado foi o segundo ano mais quente, em média, para o planeta Terra, na sua globalidade, exceto no Canadá, onde o tempo foi mais frio que o habitual. Os dados mostram uma das tendências marcantes das mudanças climáticas: o aumento da temperatura no Alasca e no Ártico. "Os anos mais quentes são cada vez mais quentes e os anos mais frios estão a ficar mais quentes. Tudo está a mudar. Há pesquisas interessantes que mostram que o que era habitual no início dos anos 2000, será considerado frio em 2030 e 2050 e o que era considerado anormalmente quente será considerado normal. Não há dúvida de que pouco a pouco, as temperaturas estão a aumentar", disse à euronews professor Peter Thorne da Universidade Maynooth, na Irlanda.

O valor dos registos históricos sobre o clima

A atual informação sobre o clima baseia-se em dados recolhidos por sofisticados instrumentos digitais, incluindo satélites. Mas os dados históricos também nos oferecem uma visão interessante sobre a evolução do clima. A Euronews visitou o observatório de Ebre, na Catalunha, em Espanha

A instituição fundada em 1904 possui um arquivo com dados sobre o estado do tempo desde o início do século XX. "Tentamos fazer com que a série de dados seja o mais completa possível. Aqui podemos ver a variação da temperatura num período crítico, do final de 1937, início de 1938, na nossa zona, em plena guerra civil e com o observatório a ser bombardeado de um lado e do outro continuamente", disse Germán Solé, diretor do Observatório de Ebre.

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Registos históricos sobre o clima do Observatório de Ebre na Catalunhaeuronews

Períodos de seca mais longos

Os dados mostram que, comparativamente ao início do século, os períodos de seca são hoje mais longos, apesar de a pluviosidade ser a mesma. "O número de dias consecutivos sem chuva no verão está a aumentar. Os períodos secos são cada vez mais longos. É como se o verão empurrasse a primavera e o outono e se alargasse", explicou Pere Quintana Seguí, hidroclimatólogo do Observatório de Ebre.

Os registos revelam também que eventos extremos como as ondas de calor são hoje mais frequentes do que eram há um século. "Antigamente podíamos atingir extremos o que não significa que o clima era igual ao de agora. O meu pai costuma dizer: vês, antes também era assim. Mas na verdade, antes acontecia uma vez a cada 25 anos. Agora é uma vez a cada cinco anos", sublinhou o responsável.

Faltam dados históricos sobre várias regiões do mundo

De acordo com os cientistas do Observatório Catalão, muitas das regiões do mundo não têm registos históricos sobre o clima, o que dificulta a elaboração de estratégias de combate às alterações climáticas. "Nos países africanos, da América do Sul, do sudeste Asiático, e do Pacífico, por exemplo, nem sequer se transmite informação atual em tempo real. Por isso, em relação a uma grande parte do planeta falta-nos informação para estabelecer estratégias de adaptação ao impacto das alterações climáticas que já estão a acontecer", afirmou Manola Brunet, professor de Climatologia, na Universidade Rovira i Virgili, em Espanha.

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