Portugal e Espanha levam pesqueiras do Minho ao Património Imaterial

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De  Ricardo Figueira com LUSA
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O Minho e a Galiza partilham não só o rio e a história comum, como também uma tradição de vários séculos.

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Estamos no rio Minho, no concelho de Melgaço, em Portugal: na outra margem, fica a Galiza, Espanha. Os dois territórios partilham não só o rio e a história comum, como também uma tradição de vários séculos que querem agora elevar a património imaterial: As pesqueiras.

Pesqueiras são estruturas de pedra, algumas do tempo dos romanos, que barram uma parte do rio e formam locais ideais para a apanha de peixes como a lampreia, um dos petiscos mais apreciados da região. Tanto Portugal como Espanha vão registar as pesqueiras nas listas do património cultural, em fevereiro. A UNESCO é o passo seguinte. O processo de candidatura é desenvolvido ao abrigo do projeto transfronteiriço Estratégia de Cooperação Inteligente do Rio Minho "Smart_Miño", cofinanciado pelo Programa INTERREG VA Espanha-Portugal (POCTEP).

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Para trás ficam mais de dois anos de trabalho de um grupo, constituído por entidades portuguesas e galegas e liderado pelo antropólogo Álvaro Campelo, que resultou no estudo "A Cultura das Pesqueiras do rio Minho".

"A inventariação no terreno permitiu-nos ver a complexidade deste património que, sendo material, por se tratar de construções, encerra também um riquíssimo património imaterial desde os saberes, à posse e administração até ao espaço ecológico a que as pesqueiras estão associadas", referiu o investigador.

O aproveitamento turístico do potencial das pesqueiras é apontado como "muito importante" para a preservação deste património transmitido de geração em geração, um "bem" que passa de pais para filhos, como se de um testemunho se tratasse.

"As pesqueiras não poderão viver só da atividade piscatória. Terão de viver também do turismo, de trazer as pessoas de fora, percorrer os trilhos das pesqueiras, presenciar a pesca nas pesqueiras e também participar nela, porque não? E depois ter o prazer de usufruir de uma lampreia ou de um salmão pescado numa pesqueira num restaurante da região", diz Pedro Costa, comandante da capitania de Caminha.

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O acesso às "armadilhas" faz-se por trilhos íngremes e sinuosos, cravados nos bosques. Seria assim há séculos e é assim ainda hoje.

António Castro, de 75 anos, é o pescador mais antigo do troço de rio que passa em Alvaredo, Melgaço. Para pescar percorre os mesmos caminhos "há mais de 60 anos". Herdou a pesqueira dos pais, que a receberam dos avós, e que deixará ao sobrinho Diogo, de 32 anos. "Já lhe disse que tem de pegar na pesqueira. Este ano ainda venho ajudar, mas depois... A idade já é bastante", confessou. Diogo Castro recebeu o testemunho do pai e é com "todo o gosto" que irá dar "continuidade" ao do tio António.

A pesca da lampreia abre no dia 15 de fevereiro e dura até 21 de maio. Para as outras espécies de peixes do rio Minho, o período de pesca vai de 01 de abril e até 01 de junho.

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