"Se queremos liberdade em maio temos de a ganhar em abril"

Marcelo Rebelo de Sousa em grande plano, entre Ferro Rodrigues e António Costa
Marcelo Rebelo de Sousa em grande plano, entre Ferro Rodrigues e António Costa Direitos de autor JOÃO RELVAS/LUSA
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De  Agência Lusa
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Presidente da República Portuguesa apela à manutenção do confinamento para quebrar a propagação da Covid-19, num dia em que as recuperações da infeção voltaram a suplantar os óbitos

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O Presidente da República Portuguesa afirmou esta terça-feira que, segundo os especialistas, é preciso manter o esforço de confinamento em abril contra a propagação da Covid-19 para dar passos de liberdade em maio, tanto no sistema escolar, como na atividade económica e social.

Marcelo Rebelo de Sousa falava aos jornalistas no final da terceira reunião técnica sobre a "Situação epidemiológica da covid-19 em Portugal", no Infarmed, em Lisboa, confirmando que o encerramento das escolas se vai manter até maio.

Questionado se das suas palavras se pode depreender que, por vontade dos técnicos, não haverá abertura das escolas neste mês de abril, o chefe de Estado abriu o jogo: "Isso pode depreender obviamente. Não haverá. É o senhor primeiro-ministro que o dirá no dia 09 de abril, mas daquilo que disseram os especialistas, é ganhar em abril o mês de maio, portanto, é manter este esforço em abril".

Transmitindo à comunicação social as mensagens dos especialistas, que considerou terem sido "muito claras e muito impressivas", o Presidente da República declarou que "há uma tendência positiva" na evolução da propagação da covid-19, "lenta, mas positiva".

"A segunda ideia é a de que, se queremos ganhar a liberdade em maio, precisamos de a ganhar em abril. Isto é, para dar passos em maio de liberdade, no sentido de regresso progressivo à normalidade, não apenas no sistema escolar, como na atividade económica e social, é preciso em abril ganhar maio", acrescentou.

Recuperações aceleram em Portugal

Portugal registada 345 mortos associados à Covid-19, mais 34 do que na segunda-feira, e aumentou para 12.442 o número de infetados (mais 712), segundo o boletim epidemiológico divulgado esta terça-feira pela Direção-Geral da Saúde (DGS).

O número de pessoas recuperadas da infeção pelo novo coronavírus parece estar também com um impulso renovado somou mais 44 pessoas, para um total de 184 "altas" passadas a pacientes que estiveram infetados. Na segunda-feira já haviam sido anunciadas mais 65 pessoas recuperadas.

O relatório da situação epidemiológica, com dados atualizados até às 24:00 de segunda-feira, indica que a região Norte é a que regista o maior número de mortos (186), seguida da região Centro (88), da região de Lisboa e Vale do Tejo (64) e do Algarve, com sete mortos.

Relativamente a segunda-feira, em que se registavam 311 mortos, hoje observou-se um aumento de 11% (mais 34).

De acordo com os dados da DGS, há 12.442 casos confirmados, mais 712, o que representa um aumento de 6,1% face a segunda-feira.

Das 345 mortes registadas, 219 tinham mais de 80 anos, 78 tinham idades entre os 70 e os 79 anos, 35 entre os 60 e os 69 anos, nove entre os 50 e os 59 anos e quatro óbitos entre os 40 aos 49 anos.

Das 12.442 pessoas infetadas pelo novo coronavírus (SARS-CoV-2), a grande maioria (11.262) está a recuperar em casa, 1.180 (mais 81, +7,4%) estão internadas, 271 (mais uma, +0,4) das quais em Unidades de Cuidados Intensivos.

Os dados da DGS, que se referem a 79% dos casos confirmados, precisam que Lisboa é o concelho que regista o maior número de casos de infeção pelo coronavírus SARSCov2 (754), seguida do Porto (730 casos), Vila Nova de Gaia (551), Gondomar (528), Maia (465), Matosinhos (416), Braga (407), Valongo (387), Sintra (299) e Ovar (247).

Desde o dia 01 de janeiro, registaram-se 99.730 casos suspeitos, dos quais 4.442 aguardam resultado das análises.

O boletim epidemiológico indica também que há 82.846 casos em que o resultado dos testes foi negativo.

Distribuição regional e etária da epidemia

A região Norte continua a registar o maior número de infeções, totalizando 7.052, seguida da região de Lisboa e Vale do Tejo, com 3.185 casos, da região Centro (1.766), do Algarve (234) e do Alentejo, que hoje apresenta 85 casos.

Há ainda 68 pessoas infetadas com o vírus da Covid-19 nos Açores e 52 na Madeira.

A DGS regista 25.070 contactos em vigilância pelas autoridades (mais 1.600 do que na segunda-feira).

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A faixa etária mais afetada pela doença é a dos 40 aos 49 anos (2.239), seguida dos 50 aos 59 anos (2.216), dos 30 aos 39 anos (1.818) e dos 60 aos 69 anos (1.614).

Há ainda 179 casos de crianças até aos nove anos, 306 de jovens com idades entre os 10 e os 19 anos e nas idades entre os 20 e os 29 anos há 1.294 casos.

Os dados indicam também que há 1.159 casos de pessoas com idades entre os 70 e os 79 anos e 1.617 com mais de 80 anos.

Origem dos casos

Segundo o relatório da DGS, 159 casos resultam da importação do vírus de Espanha, 118 de França, 68 do Reino Unido, 43 da Suíça, 41 dos Emirados Árabes Unidos, 29 de Itália, 24 de Andorra, 21 do Brasil, 19 dos EUA, 16 dos Países Baixos, 14 da Austrália, 12 da Argentina, nove da Bélgica, nove da Alemanha, sete da Áustria, cinco do Canadá e quatro da Índia.

O boletim dá ainda conta de três casos importados do Egito, três da Guatemala e outros três de Israel, dois da Irlanda, dois do da Jamaica, dois do Luxemburgo e outros dois da Tailândia.

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Foram ainda importados um caso da Alemanha e Áustria e outro da Alemanha e Irlanda. Há igualmente registo um caso importado de países como Azerbaijão, Cabo Verde, Chile, Cuba, Dinamarca, Indonésia, Irão, Malta, Maldivas, Marrocos, México, Noruega, Paquistão, Polónia, Qatar, República Checa, Singapura, Suécia, Ucrânia e Venezuela.

Principais sintomas em Portugal

Segundo a DGS, 59% dos doentes positivos ao novo coronavírus apresentam como sintomas tosse, 46% febre, 31% dores musculares, 28% cefaleia, 24% fraqueza generalizada e 17% dificuldade respiratória. Esta informação refere-se a 78% dos casos confirmados.

A covid-19, causada pelo novo coronavírus SARS-CoV-2, é uma infeção respiratória aguda que pode desencadear uma pneumonia.

Portugal, em estado de emergência até 17 de abril e onde o primeiro caso foi confirmado em 02 de março, está já na terceira e mais grave fase de resposta à doença (Fase de Mitigação), ativada quando há transmissão local, em ambiente fechado, e/ou transmissão comunitária.

Detetado em dezembro de 2019, na China, o novo coronavírus já infetou mais de 1,3 milhões de pessoas em todo o mundo, das quais morreram mais de 75 mil.

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Dos casos de infeção, cerca de 290 mil são considerados curados.

Outras fontes • DGS

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