Brasil culpa novo coronavírus pelo aumento da desflorestação na Amazónia

Jair Bolsonaro,Luiz Henrique Mandetta
Jair Bolsonaro,Luiz Henrique Mandetta Direitos de autor AP
De  Euronews com LUSA
Partilhe esta notíciaComentários
Partilhe esta notíciaClose Button

Governo de Jair Bolsonaro atribui aumento da desflorestação amazónica em território brasileiro aos esforços no combate à pandemia.

PUBLICIDADE

O Governo brasileiro justificou o aumento de 51% da desflorestação da Amazónia em território nacional, no primeiro trimestre do ano, com o aumento dos esforços no combate à pandemia de covid-19.

O vice-presidente brasileiro, Hamilton Mourão, que chefia o Conselho Nacional da Amazónia, explicou numa videoconferência organizada pelo jornal O Estado de S.Paulo que pessoas e empresas que vendem madeira ilegalmente extraída da floresta estão "aproveitando" a crise da saúde para aumentar as suas atividades.

Segundo o vice-presidente brasileiro, a chegada do novo coronavírus ao Brasil, onde o primeiro caso foi registado em 26 de fevereiro, causou uma diminuição nas ações de controlo contra a desflorestação da Amazónia, devido às medidas de isolamento adotadas no país.

A desflorestação da Amazónia brasileira no primeiro trimestre de 2020 foi a mais alta registada nos últimos cinco anos e aumentou 51,4% em comparação com o mesmo período de 2019.

Esta terça-feira, o Governo publicou a exoneração do diretor de Proteção Ambiental do Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama), Olivaldi Azevedo, no diário Oficial da União.

A demissão foi assinada pelo ministro do Meio Ambiente, Ricardo Salles, que não explicou o motivo da exoneração.

Desflorestação aumenta na Amazónia

De acordo com as estimativas do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (INPE), entre janeiro e março deste ano, a Amazónia brasileira perdeu 796,08 quilómetros quadrados de cobertura vegetal, face aos 525,63 quilómetros quadrados desflorestados há um ano.

Dessa forma, a destruição da floresta na região continua a aumentar e no ano passado a taxa de desflorestação cresceu 85% somando 9.165,6 quilómetros quadrados, seu nível mais alto desde 2016.

Os resultados correspondem a uma projeção provisória feita pelo INPE com base num sistema de alerta baseado na análise de imagens de satélite.

Organizações da sociedade civil e ambientalistas alegam que o aumento da destruição da floresta decorre do discurso do Presidente brasileiro, Jair Bolsonaro, que defende a exploração dos recursos naturais da Amazónia e o fim da demarcação de novas terras indígenas.

Hamilton Mourão, porém, destacou que na semana passada foi estabelecido um "gabinete de gerenciamento de crise", no qual os ministérios da Defesa, Justiça e Meio Ambiente, entre outros, participam para preparar um plano que incluirá "ações repressivas" contra a desflorestação na Amazónia.

"Nesta sexta-feira, apresentaremos o plano e de lá o levaremos ao Presidente [Jair Bolsonaro] para que ele decida a linha de ação que deve ser adotada", explicou o vice-presidente.

Mourão previu que, a partir deste programa, o Brasil "aumentará sua capacidade de reprimir os crimes na Amazónia", apesar de todas as dificuldades e do desvio dos recursos económicos do Governo para o combate ao novo coronavírus.

Segundo o último balanço do Ministério da Saúde, o Brasil registou 1.328 óbitos e 23.430 casos confirmados de covid-19. A situação da saúde em alguns estados brasileiros que tem em seu território parte da floresta amazónica preocupa as autoridades locais já que há falta de profissionais, hospitais e equipamentos para tratar possíveis pacientes infetados pela doença.

Partilhe esta notíciaComentários

Notícias relacionadas

Investidores europeus criticam Brasil por desflorestação amazónica

Antigo chefe do exército brasileiro ameçou prender Bolsonaro se insistisse com golpe de Estado

Polícia liberta 17 reféns de assalto a autocarro no Rio de Janeiro