Cimeira da UE visa consenso sobre orçamento anti-crise

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De  Isabel Marques da SilvaDarren McCaffrey com Lusa
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A Comissão Europeia apresentou um plano para enfrentar a recessão, a 27 de maio, que será debatido pelos líderes dos 27 países da União, esta sexta-feira, por videoconferência.

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A União Europeia tenta, lentamente, "levantar voo" a nível social e económico, depois de três meses de confinamento que deitaram por terra perspetivas de crescimento animadoras feitas no início de 2020.

A Comissão Europeia apresentou um plano para enfrentar a recessão, a 27 de maio, que será debatido pelos líderes dos 27 países da União, esta sexta-feira, por videoconferência.

Não se espera já um consenso, como explica o editor de política da euronews, Darren McCaffrey, que ouviu alguns eurodeputados sobre o assunto: "Foi-se o estandarte sobre a luta contra a Covid-19 na Comissão Europeia e gora há um novo sobre a estratégia de recuperação chamado "Próxima Geração UE".

"É um plano ambicioso com um fundo de 750 mil milhões de euros, a ser distribuído, sobretudo, via subvenções para ajudar os países mais atingidos pela pandemia, e que faz parte do orçamento da União para os próximos sete anos. Mas a União Europeia está dividida. De um lado estão as quatro maiores economias: Alemanha, França, Itália e Espanha, que apoiam o plano da Comissão Europeia. Do outro lado, estão os países que não o apoiam, conhecidos por frugais: Países Baixos, Áustria, Suécia e Dinamarca", concluiu.

O que pensam os eurodeputados:

Angelika Winzig, eurodeputada austríaca de centro-direita: "A proporção entre financiamento via subvenções e via empréstimos não está a nosso favor. Também precisamos de impor condições porque é importante investir em reformas. Como posso explicar a um empresário austríaco cuja empresa fechou, tal como aconteceu a uma homóloga espanhola, que o empresário espanhol recebe mais dinheiro em forma de subvenções e talvez o austríaco não receba nada, apesar de viver a mesma situação".

Manfred Weber, eurodeputado alemão de centro-direita: “Detesto pedir dinheiro emprestado, algo que não é sustentável, que não é do interesse da próxima geração. É por isso que entendo essa perspetiva, mas diga-me qual é a alternativa? Nos Países Baixos e na Áustria, em toda a Europa, todos estão a criar dívidas, pedem dinheiro emprestado aos bancos. Todos estão a fazê-lo porque é a única maneira de estabilizar a nossa economia e criar perspetivas para a geração mais jovem, por forma a não arriscar que se siga uma década perdida para a economia europeia, para a União Europeia como um todo”.

Philippe Lamberts, eurodeputado belga ecologista: “Esta é uma questão de sobrevivência para a União Europeia e as pessoas precisam de entender isso. Será que nos Países Baixos acreditam que a prosperidade do país depende apenas do próprio país? Não, na realidade, a maioria dos negócios que os Países Baixos estão a fazer é como o mercado único europeu, sem o mercado europeu não há economia neerlandesa".

Portugal

Portugal está ao lado dos países mais expansionistas, que pedem um orçamento alargado e que seja distribuído, sobretudo, com subvenções a fundo perdido, porque que já foi contraída muita dívida a nível nacional, além da que falta pagar da crise anterior.

O primeiro-ministro, António Costa, apontou que "aquilo que Portugal vai fazer não é traçar linhas vermelhas, mas sinalizar vias verdes para haver acordo o mais rapidamente possível".

"Perder tempo é enfraquecer a Europa, é pôr em risco o rendimento das famílias, os empregos e as empresas. Não há tempo para corres riscos, há tempo para decidir e esta é a hora do compromisso, cá estamos para dizer sim a este compromisso proposto pela Comissão Europeia", afirmou, na quarta-feira.

António Costa apontou que, tendo em conta apenas as subvenções, os montantes representam um acréscimo de 37,9% para Portugal em relação ao atual quadro financeiro, e exortou o Parlamento a participar na construção de "um grande projeto nacional" para aproveitar os fundos cabalmente.

"É uma enorme responsabilidade para todos nós, uma oportunidade única. Se desperdiçamos estes recursos ninguém nos poderá perdoar", afirmou.

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