Agência da ONU antevê perda de milhões de euros e empregos no turismo

Turistas lotaram os mais de 140 voos que aterraram quarta-feira na Grécia
Turistas lotaram os mais de 140 voos que aterraram quarta-feira na Grécia Direitos de autor AP/ Harry Nakos
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De  Francisco Marques
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Relatório da UNCTAD estuda impacto da #Covid19 na economia global e Portugal é um dos mais ameaçados

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Perdas globais de mil milhões a um bilião de euros e o corte entre 100 milhões e 200 milhões de empregos, direta ou indiretamente ligados ao turismo, são os riscos que se colocam ao setor em termos globais de acordo com um novo relatório da Conferência das Nações Unidas para o Comércio e o Desenvolvimento (UNCTAD).

A "infeção" da Covid-19 no turismo está a gerar muita preocupação, sobretudo na semana em que a União Europeia (UE) recomendou abrir as fronteiras internas inclusive a cidadãos de 15 países terceiros ou externos ao bloco e ao espaço Schengen, embora cada país possa restringir individualmente a entrada de visitantes estrangeiros de acordo com critérios de segurança epidemiológica.

No relatório da UNCTAD, Portugal surge entre os países considerados "destinos populares de turismo", ao lado do parceiro europeu Croácia e da caribenha República Dominicana, com perdas estimadas em seis% do Produto Interno Bruto (mais de 12,3 milhões de euros), colocando-o no quarto lugar dos 15 países mais afetados pela "infeção" de Covid-19 no turismo, prevendo um cenário moderado.

A exclusão de Portugal de listas de países considerados seguros, como já aconteceu por exemplo na Áustria e está ainda em aberto no Reino Unido, pode agravar ainda mais a crise no país, com uma queda de 15% no PIB português, no cenário mais dramático previsto pela UNCTAD.

Grécia "enche-se" de turistas

A abertura das fronteiras internas da UE e do espaço Schengen inclusive a cidadãos de países terceiros (externos a ambos os acordos) permitiu uma enchente de turistas na Grécia, esta quarta-feira, apesar das portas helénicas continuarem ainda fechadas a voos diretos da Suécia e a um dos principais "clientes" da oferta grega, o Reino Unido.

Com a abertura dos aeroportos regionais a voos internacionais, mais de 140 aviões aterraram lotados no país e as autoridades de saúde anteveem duas semanas cruciais para perceber o impacto do turismo no quadro nacional da epidemia.

O governo grego garante ter um plano para gerir a chegada massiva de turistas ao país e eventuais surtos de contágios que possam surgir, embora muitos empresários e cidadãos se mostrem preocupados perante a grande procura turística que a Grécia tem.

Em Itália, o governo decidiu não seguir a recomendação de 15 de países terceiros seguros e manteve restrições apertadas para todos os visitantes não europeus.

"A situação a nível global continua muito complicada. Temos de evitar que tenham sido em vão os sacrifícios que os italianos fizeram nos últimos meses", afirmou o ministro da Saúde de Itália, Roberto Speranza.

Em Bérgamo, um dos focos mais graves da epidemia na região da Lombardia, os empresários locais temem pelo pior.

O dono de um café, identificado como Marcello, manifestou à TVE estar a trabalhar "dez por cento do que era normal". "Costumávamos ter 150 pessoas por dia. Agora temos entre 15 e 30 pessoas por dia", precisou.

Bruna trabalha numa loja para turistas e pede para deixarem de estigmatizar a cidade. "Esta é uma situação que afeta o mundo inteiro. Não devemos responsabilizar apenas Bérgamo", reclamou.

Suíça limita acesso a estrangeiros

Cruzando uma das fronteiras italianas a norte, entramos na Suíça, um dos países do Espaço Schengen, que arriscou abrir as fronteiras logo a 15 de junho e entretanto já recuou, reintroduzindo algumas medidas de contenção da Covid-19.

Na quarta-feira, os helvéticos aceitaram a recomendação da UE de autorizar a entrada de cidadãos de países terceiros, mas apenas a partir de 20 de julho. Dos 15 países considerados seguros pelos "27", a Suíça mantém a reciprocidade sugerida para a China e decidiu excluir a Sérvia.

A partir de segunda-feira, entretanto, o governo suíço decidiu impor quarentenas de 10 dias aos visitantes oriundos de países que considera "perigosos" em termos de contágio e remeteu para breve a divulgação dessa "lista vermelha".

Argentina

Da lista segura da União Europeia não fazem parte os dois países mais afetados pela pandemia, Estados Unidos e Brasil.

O maior país da América do sul acaba aliás de ultrapassar a fasquia das 60 mil mortes e aproxima-se rapidamente dos 1,5 milhões de casos confirmados no país.

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Apesar de estar já em processo de desconfinamento a nível nacional, devido a recentes surtos de contágio, algumas cidades como Belo Horizonte e Cuiaba decidiram suspender o levantamento de algumas restrições e apenas deixaram abertos alguns estabelecimentos de comércio de produtos considerados essenciais.

Argentina "confina" Buenos Aires

O vizinho do sul, a Argentina, soma mais 67 mil casos confirmados, incluindo agora 1351 óbitos e 23 mil pessoas recuperadas do novo coronavírus. A larga maioria de infetados está em Buenos Aires, onde voltou agora a ser pedido o confinamento domiciliário.

Uma medida que Gabriel Kaplan, dono de um quiosque de rua, admite ser a correta dado o número de novos casos na região da capital argentina: quase 1.700 só na quarta-feira, de acordo com os dados do Ministério da Saúde, citados pelo jornal La Nacion.

"Pelo menos eu posso continuar a trabalhar", felicitou-se Gabriel Kaplan.

Em termos nacionais, a Argentina somou quarta-feira mais 2.667 novos pacientes e 44 mortos ao quadro da Covid-19.

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Para reforçar as medidas de combate à epidemia no país das "pampas", o governo argentino aprovou ainda um quadro legal para poder impor multas que vão dos 50 mil pesos (630 euros) aos 500 mil pesos (6.300 euros) para quem infringir regras de contenção da epidemia como o não uso de máscara em espaços públicos ou participar em reuniões mesmo familiares com mais de 10 pessoas.

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