À procura de mais eficiência e segurança nas centrais geotérmicas

Em parceria com The European Commission
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De  Julián López Gómez com Pedro Sacadura
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Cientistas do projeto europeu de investigação GeoWell procuram desenvolver novas abordagens tecnológicas mais fiáveis e financeiramente exequíveis para o design, concretização e monitorização de poços com altas-temperaturas nas centrais geotérmicas.

Atualmente existem cerca de 130 centrais geotérmicas a operar na Europa, o que representa um aumento de 5% em comparação com 2019. O número pode duplicar dentro de cinco a oito anos.

Como assegurar que são mais seguras, eficientes e amigas do ambiente? Cientistas europeus desenvolveram novas tecnologias que já estão prontas a ser aplicadas na Islândia e que estão em destaque em mais uma edição de "Futuris."

Nesjavellir Geothermal Power Station

A central geotérmica de Nesjavellir é a segunda maior da Islândia. Por ano, produz cerca de 120 megawatts (MW) de energia elétrica.

As operações de perfuração desenvolvem-se com frequência para localizar novas fontes de calor subterrâneas. As temperaturas podem alcançar 460ºC e a pressão é extremamente elevada. O terreno é duro e agressivo para o material de perfuração.

"O problema geral no setor da geotermia é que estamos a trabalhar com fontes de imenso calor. Para garantir a manutenção dos poços é preciso provocar o arrefecimento. Durante o processo, os tubos de revestimento podem ficar destruídos ou deformados, porque têm de se expandir", explicou, em entrevista à Euronews, Vilhjálmur Guðmundsson, diretor de marketing e vendas da Iceland Drilling.

Completamente automatizada, a central está a testar uma nova tecnologia para minimizar os riscos, reduzir os custos de manutenção e incrementar a eficiência das operações de perfuração.

A tecnologia foi desenvolvida por cientistas de um projeto europeu coordenado a partir do instituto Iceland Geosurvey, em Reiquiavique. O objetivo foi redesenhar acoplamentos flexíveis para permitir a expansão térmica dos tubos perfuradores e evitar a obturação ou colapso.

"Normalmente, os diferentes segmentos dos tubos são acoplados uns aos outros com ligações fixas. Os nossos acoplamentos flexíveis permitem que os tubos se expandam no interior. Desse modo eliminamos a pressão. Quando os poços são arrefecidos em operações de manutenção, os acoplamentos relaxam e permitem que os segmentos se abram de novo", explicou Ingólfur Örn Þorbjörnsson, gestor de inovação no instituto Iceland Geosurvey.

Os materiais e as ligas foram cuidadosamente verificados para avaliar a capacidade de garantir a resistência necessária no design dos tubos. Os padrões de exigência na indústria da perfuração são bastante elevados até porque está em causa a segurança.

"Para uma fábrica de energia geotérmica comum, o custo de perfuração pode ser de até 30-35% do investimento total. A indústria geotérmica só recorre a tecnologia conhecida, testada e fiável. Não é fácil convencê-los a ensaiar uma nova tecnologia", referiu Árni Ragnarsson, gestor de qualidade no instituto Iceland Geosurvey.

Os investigadores dizem que esta e outras inovações em curso poderão ser promissoras para atores emergentes no setor geotérmico na Europa continental onde, ao contrário da Islândia, as fontes de calor se encontram a grandes profundidades.

"Há fontes de temperatura elevadas na Europa. Em Itália, por exemplo, mas também na Grécia, na Turquia, nos Açores. Nestes locais, os poços são mais profundos e são precisos segmentos de tubos maiores. Significa que, eventualmente, poderá haver mais problemas. Os nossos acoplamentos flexíveis na Islândia só precisam de descer cerca de dois quilómetros. Na Europa são precisos talvez cinco a seis quilómetros", lembrou o gestor de inovação Ingólfur Örn Þorbjörnsson.

Os operadores da perfuração dizem que estas e outras tecnologias inovadoras poderão melhorar a competitividade no setor.

"Poupa-se dinheiro durante as operações de perfuração. Por isso reduzem-se os custos operacionais. A vida útil dos poços será maior. Essa é a principal vantagem", ressalvou Vilhjálmur Guðmundsson.

A redução dos custos de manutenção também deverá permitir baixar a fatura energética para os consumidores, de acordo com os cientistas.

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