Desembarque de 125 migrantes do "Alan Kurdi" foi interrompido

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Direitos de autor Joris Grahl / sea-eye.org / AFP
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De  Francisco Marques com Ansa
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O barco operado pela ONG alemã "Sea-Eye" navegou uma semana a aguardar autorização. 61 requerentes de asilo ainda dormiram mais uma noite ao relento

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Dos 125 migrantes resgatados pelo barco "Alan Kurdi" pelo menos metade conseguiram desembarcar sexta-feira ao fim do dia no porto industrial de Olbia, no nordeste da ilha da Sardenha.

De acordo com a Organização Não-Governamental (ONG) "Sea Eye", o desembarque foi interrompido pelas 20h30 pelas autoridades italianas.

"As restantes pessoas a bordo vão ter de se manter no convés do 'Alan Kurdi' e dormir a céu aberto, ao frio, e ao vento, até amanhã de manhã (sábado)", lê-se numa nota da ONG.

A ministra do Interior Luciana Lamorgese já havia entretanto infomado que apenas 25 dos migrantes a bordo do barco da "Sea Eye" iriam poder ficar em Itália. Os restantes 100 têm previsto ser relocalizados para outros países europeus, numa transferência ainda por clarificar.

Todos os migrantes resgatdos pelo "Alan Kurdi" são requerentes de asilo. Os que desembarcaram foram processados para identificação e exames médicos. Entre o grupo total, há 50 menores.

O processo de acolhimento dos migrantes em Olbia foi dificultado pela falta de pessoal disponível. Todos os polícias de trânsito de cidade e parte do pessoal da Proteção Civil local estão em quarentena domiciliária depois de um agente da polícia ter sido testado positivo com o novo coronavírus.

Descoordenação governamental

O governo regional da Sardenha mostrou-se crítico da decisão do executivo central de autorizar o desembarque do "Alan Kurdi" sem consultar as autoridades locais.

"A concessão do desembarque destes 125 migrantes na Sardenha, depois da recusa do governo francês, não é partilhada por mim", afirmou o governador Christian Solinas, considerando não ter sido inocente "a mudança de rota e menos ainda a ancoragem" do "Alan Kurdi" em frente à costa da Sardenha.

"Sobretudo à luz do decreto de 7 de abril que ordenou efetivamente o encerramento dos portos italianos", acrescentou Solinas.

Já o porta-vos da Organização Não-Governamental (ONG) "Sea Eye", que administra o barco de resgate "Alan Kurdi", aproveitou os holofotes de uma entrevista à Euronews pela tarde para criticar a recente proposta da Comissão Europeia de um Pacto das Migrações entre os "27".

"Esta proposta de regresso aos apoios viola o princípio da solidariedade porque dá aos países a possibilidade de recusar a relocalização dos requerentes de asilo", afirmou Kai Echelmeyer, dando como exemplo esta última missão: "tivemos de esperar uma semana por uma solução e isto não é aceitável."

Este sábado de manhã, a "Sea Eye" denunciava pelas redes sociais que "pessoas que fugiram de uma guerra civil estão ainda à espera no 'Alan Kurdi' por um sítio aquecido onde possa, dormir".

"O desembarque continuou no sábado de manhã", lê-se na publicação

A tripulação do barco foi também informada de que terá de cumprir uma quarentena de 14 dias, tendo o pedido do capitão da embarcação de levantar âncora após o desembarque e rumar a Marselha sido negado.

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