Paz em Moçambique não pode ser renegociada. Embaixador da União Europeia diz que Renamo não pode ficar "refém" de um grupo minoritário.
Não há espaço para renegociar o acordo de paz assinado em 2019 pelo chefe de Estado moçambicano, Filipe Nyusi e pelo líder da Renamo, Ossufo Momade. Quem o diz é o embaixador da União Europeia em Moçambique num momento em que continua a tensão entre o principal partido da oposição e um grupo dissidente, a Junta Militar da Renamo, liderado por Mariano Nhongo, que pretende que se volte à mesa das negociações e que é acusado de vários ataques armados no país.
“O acordo de paz não pode ser aberto ou renegociado. (...) A mensagem é aproveitem este acordo, estas oportunidades, este processo. Há uma janela que ainda está aberta, mas pode estar fechada daqui a algum tempo. Pessoalmente, sou bastante otimista. Mas ao mesmo tempo temos de reconhecer que ainda há obstáculos, que ainda há desafios. Acho que todos os moçambicanos, o conjunto dos moçambicanos, tem a convicção e sobretudo a vontade de que este seja o acordo definitivo”.
Definitivo até porque para António Sanchez-Benedito a Renamo comprometeu-se, "completamente, no processo de paz" e não pode ficar "refém" de um grupo minoritário em relação às estruturas e à militância do partido.
A União Europeia tem um papel fundamental no processo de paz. O último acordo, firmado em agosto do ano passado, prevê o desarmamento, a desmobilização e Reintegração dos elementos do braço armado da Resistência Nacional Moçambicana na sociedade civil.
Até agora o bloco forte europeu disponibilizou cerca de 62 milhões de euros para a concretização deste processo longo e que esteve parado até junho. Até agora pouco mais de mil dos 5.000 ex-guerrilheiros da Renamo entregaram as armas. Espera-se que em novembro a terceira fase esteja terminada.