Itália: Doentes Covid-19 acomodados em hotéis

À falta de turistas, em Itália, muitos hotéis decidiram receber doentes com Covid-19. O plano das autoridades é ter mais 20 mil camas para convalescentes por todo o país.
Apesar deste objetivo estar ainda longe, o número de pacientes instalados em hotéis já está a aliviar bastante a pressão nos hospitais em algumas regiões e contribui também para aliviar o sufoco económico das unidades hoteleiras.
De acordo com a associação dos hoteleiros italianos, numa cidade como Roma, onde reabriram 200 dos 1200 hotéis, só 15 mostraram disponibidade para receberem doentes e apenas sete estão já operacionais.
O Sheraton é um deles. Tem 169 quartos disponíveis para pessoas infetadas. Aqui são acomodadas pessoas sem sintomas, mas também alguns com sintomatologia e a precisarem de tratamento.
Turistas que chegam a Itália e apresentam testes positivos também estão a ser encaminhados para aqui.
A repórter da Euronews, Giorgia Orlandi, foi até um hotel nos arredores de Roma.
"Estamos a 20 minutos de carro do centro de Roma. Este hotel tem um total de 50 quartos; 10 estão neste momento ocupados com doentes Covid, na maioria assintomáticos. É um dos mais movimentados. Desde abril, já passaram por aqui mais de 500 doentes, com o hotel a atingir a capacidade máxima em várias ocasiões.
As autoridades regionais pagam 30 euros por noite por cada doente. Isto é metade do que pagaria um hóspede em situação normal, mas cobre as despesas de manutenção, limpeza e desinfeção.
A gerente, Antonella de Gregório, fala de perda de rendimentos na ordem dos 70% e diz que se esta oportunidade não tivesse surgido, o hotel estaria encerrado, como milhares de outros.
"Tive de pedir empréstimos para continuar a pagar aos forncedores mas, graças a este esquema, consegui manter o negócio, pagar os impostos, o arrendamento das instalações e as faturas dos serviços públicos".
A última vez que os hotéis foram chamados a albergar pessoas em situação emergência foi há alguns anos, quando a Itália foi sacudida por vários sismos. Mesmo para os que já tinham operado nessas circunstâncias, esta é uma situação sem precedentes.
"A última vez que passámos por isto, disponibilizámos um dois, três quartos, a cada cinco ou seis meses, por causa de uma fuga de gás ou algo assim", refere Antonella de Gregório.
Sendo difícil prever quanto tempo vai ainda durar a pandemia, a gerente está bastante preocupada com o futuro e espera que o facto de o seu hotel ter albergado doentes com COVID-19 não afaste os futuros clientes.