ONU diz que UE deve acelerar combate à exclusão social

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De  Isabel Marques da SilvaGregoire Lory
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Desde a crise financeira de 2008 que a União Europeia não conseguiu reduzir o risco de pobreza ou exclusão social que afeta uma em casa cinco pessoas .

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A pandemia deve ser aproveitada para mudar as políticas quer agravam as desigualdades e que têm mantido 20 milhões de cidadãos da União Europeia em risco de exclusão social.

O aviso é do relator especial da ONU para a pobreza extrema e os direitos humanos, Olivier De Schutter, que fez, recentemente, um relatório sobre o problema no bloco de 27 países.

Desde a crise financeira de 2008 que a União Europeia não conseguiu reduzir o risco de pobreza ou exclusão social que afeta uma em cada cinco pessoas .

Olivier De Schutter diz que crise atual é a oportunidade para colocar a justiça social no centro da política de recuperação económica: “Sabemos que a crise terá vários níveis. Existe um grande número de pessoas que já perderam o rendimento nos últimos meses, alguns ficaram no desemprego quando já estavam numa situação muito precária". 

"Ainda vamos ter uma segunda vaga de despedimentos por causa das falências de muitas empresas que vão perder, gradualmente, o apoio do Estado concedido no layoff. Um grande número de empresas terá infelizmente de abrir falência. Infelizmente devemos temer um aumento muito acentuado da pobreza no final de 2021", acrescentou.

Pandemia exacerba pobreza material e exclusão social

Uma realidade bem conhecida por Raymond Jacquet, um ex-livreiro belga que recebe uma pequena pensão e que se sente muito abandonado: "A pobreza é social, não é só financeira. A pobreza social é muito grave. Precisamos de ter contactos sociais e agora estamos encerrados, vamos morrer sozinhos no nosso quarto. Eu vivo sozinho, num apartamento alugado por 400 euros. Vamos acabar por morrer do isolamento”, disse em entrevista à euronews.

O ex-livreiro já não consegue obter rendimentos extra de pequenos negócios na feira da ladra da sua localidade. Deixou de poder andar de carro ou de comprar livros e a alimentação é muito limitada.

"No outro dia fui comprar uma sanduíche de pitta que me custou 6,50 euros, o que é muito caro. Para o meu orçamento é muito caro. Poderei fazer isso apenas de vez em quando. Fui comprar ovos, tomates e batatas para fazer um estufado, mas não consigo fazer mais nada", contou.

Raymond Jacquet esteve doente com Covid-19, em casa, no outono. Desde essa altura, tenta manter uma rotina de higiene e de alimentação que lhe permitam manter a dignidade, mas já lhe falta o ânimo.

"É a miséria e é a tristeza. De vez em quando fico desmoralizado, de vez em quando fico abatido no meu sofá e penso como é que vou sair desta situação", revela o pensionista.

O relator da ONU aconselha a União Europeia a encarar o apoio social não como uma exceção que aumenta a dívida pública, mas como um investimento estratégico de longo prazo.

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